Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

As primeiras lágrimas foram da professora

Quanto aos pais chorarem  perante os  filhos  pequenos, nem pensar.

A cultura familiar era de evitar carinho excessivo aos filhos para não deixá-los  mal acostumados, sendo que inúmeras vezes ouvi isso na infância. Já afirmei que um dos dilemas ao entrar na escola era saber como a professora conduzia a disciplina na classe. As dificuldades para ela eram imensas, pois a  turma comportava alunos da primeira a quarta série primária. Quanto aos pais chorarem  perante os  filhos,  pequenos nem pensar.
Estávamos saindo do tempo da reguada; do joelho no grão de milho, do croque na cabeça e outros castigos físicos duríssimos. Estudei dois anos e meio na escola rural, o primeiro  não conclui, o segundo completei  e o terceiro fui até julho, saindo em julho o qual  completei na cidade de Batatais, Grupo Escolar Castelo.
Cumprida a tarefa da formação do café, a família retornou a cidade natal, no meio do ano. Aconteceu fato pouco provável para a época que foi de me ver puxando a calça do meu pai para incisivamente pedir que ele me matriculasse, pois queria terminar o ano, o que foi  feito. Conclui também ali o terceiro, quando fui para o seminário.
A professora na fazenda se chamava Célia. Era jovém, chegava de charrete, pois vinha de Jaboticabal e a pegavam na ponte sobre o rio Mogi Guaçu. Ao me aposentar, falei com irmão dela de quem soube que ela falecera.  A intenção de homenageá-la; assim como, a Da. Nenethy do terceiro ano em Batatais, ficou prejudicada, pois também não estava mais entre nós. Foi com pesar que recebi estas notícias. De ambas sempre me lembrei com muito carinho. 
Citei as lágrimas porque foi a primeira pessoa que chorou por mim. Ao despedir-me dela pela mudança,  notei algumas contidas lágrimas em seus  olhos,  o suficiente para me emocionar ao ponto de jamais esquecer aquela afetiva reação.
A Dona Nenethy, sabedora da minha orfandande,  quando me atrasava, ia me buscar na porta da sala e calma e pacenciosa me consolava,  pois sabia que cuidava dos meus irmãos, enquanto meu pai trabalhava.
Fiquei sensivelmente emocionado e agradecido pela conduta de ambas. A primeira, além  tratar a todos com carinho, sem  jamais se exasperar, ainda verteu as primeiras e emocionadas lágrimas por mim. A segunda, com sua atitude de pleno carinho, compensou em parte, a dor da orfandade. Ambas foram responsáveis pela minha  admiração aos mestres para sempre. Evidente que há muitos  motivos para se admirar  o professor, mas no meu caso, estas duas Senhoras marcaram-me indelevelmente.
A elas um beijo tardio, mas de coração. Deixo consignado, pois são merecedoras e me fizeram com seus gestos, acreditar no meu semelhante. A elas minhas  reverências postumas...!!! Domingo, um dia oportuno, a tão afáveis lembranças. Que o Senhor seja louvado para sempre louvado seja e  sejamos dignos da Paz de Cristo num viver justo e solidário. 

Lava Jato, um novelo sem fim

As ramificações das ações corruptivas ganham contornos internacionais

A abrangência e rito dos atos de prisão que algemaram todos que estão trancafiados em  Curitiba ou que por lá já passaram é inimaginável.

Texto publicado na íntegra no Jornal "O Regional" de Catanduva, nesta data.

Ao entrar na sua vigésima terceira fase, a operação Lava Jato traduz aos cidadãos brasileiros a desolação que provoca profunda contrição, pois a pátria desnuda nos mostra o quão poderia ter sido diferente todos esses  anos da administração pública do país.
As ramificações das ações corruptivas ganham contornos internacionais, como já denunciara as contas no exterior da maioria dos envolvidos para escamotear a manipulação vil do dinheiro público, objeto de falcatruas as mais diversas, cuja descoberta propiciou a prisão da plêiade de empresários e políticos.
A notoriedade a que se expuseram, contrasta com a representatividade de suas empresas ao longo dos tempos, caíram na armadilha do ganho fácil. Cabeças iluminadas deixaram rastros de sabedoria que resultaram na evolução da humanidade, a do marqueteiro preso o reflexo da perdição pelo emprego negativo dos dons que lhe foram atribuídos e seu perfil do vale tudo espalhou-se a outras nações.
Mais um dos inúmeros homens de destaque na vida nacional a se ver nas garras dos diligentes operadores desta que certamente será a maior devassa nos esquemas de corrupção que se alastrou a todos os níveis  da governança nestas plagas.
A abrangência e rito dos atos de prisão que algemaram todos que estão trancafiados em  Curitiba ou que por lá já passaram é inimaginável . Ela  expõe as vísceras de um mal endêmico de um  gigantesco país. Ele é maravilhoso, bem possível o de maiores possibilidades de evolução do mundo pelas suas riquezas naturais que tristemente vem a pique por maus líderes que exageraram na máxima que sempre os inspiraram – “os fins justificam os meios mesmo que escusos”.
Assim procederam durante mais de dez anos na clandestinidade. Está mais que provado pelas mais diversas prisões do Mensalão e do Petrolão que continuaram com o mesmo princípio espúrio no exercício do poder, razão mais que suficiente para que sejam depostos e presos como foram todos os envolvidos até agora, inclusive os que mercê de suas responsabilidades dizem que não sabem de nada, mas que o exercício do cargo lhe impõe o dever de saber.
À masmorra  e deposição dos cargos de tantos quantos por ação ou omissão contribuíram para essa corrupção desenfreada que expõe o país ao ridículo internacional, cujos graves reflexos internos estão só começando.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Vida campesina, valores intrínsecos.

 Um período em que forjei parte de minhas impressões sobre a vida.


Difícil precisar a idade em que aconteceu a primeira lembrança, porém ela não é nada espetacular e remonta à humildade de nosso viver - a genitora numa casinha de quarto e cozinha se irrita com a incidência de baratas e esbraveja, com certeza de ira, pois medo ela jamais demonstrou de coisa alguma, isto em Batatais por volta dos cinco anos.
A referência logo posterior são os primeiros fatos e imagens, estes da linda chácara de onde sai com quase sete. De lá para a Barrinha e de volta a Batatais aos dez anos e seis meses. Destes últimos tempos, ainda alguns detalhes como a comunhão feita numa igrejinha na sede da fazenda eu, irmão e os primos.
A despeito de religião os pais professavam a fé católica, entretanto pouco iam a igreja devido as dificuldades de deslocamento, mas o batismo, comunhão, crisma, a devoção aos santos atestavam isso, incluindo posteriormente minha ida para o seminário.
Reproduzi nos verso de Copa do Tatu, neste blog, o hábito de cassá-los como fonte alimentar; assim como a pesca, sendo  a criação dos animais domésticos, como porcos, cabritos  e aves que completavam as proteínas animais.
Na época marcou as vacinas, tinha uma temida porque deixava uma marca no braço, de alguns para o resto da vida, tal o tamanho. Também havia a pílula grande, esverdeada e pastosa de combate a vermes que ingeríamos às caretas, dizia-se que era para combater o amarelão, representado pela figura do Jeca Tatu, magro e desfigurado, a impressionar as crianças.
Estes anos, a mim posso retratar como muito bons, pois a dinâmica de meu viver foi intensa diria mesmo, sem parar. Interagi intensamente com meus pais, animais e a natureza. Registrei aqui a liberdade e a intensidade do meu viver pelas mais diversas tarefas diárias e de lazer, desde a  primeira morada.
Deixei a vida do campo aos dez anos e meio, com certeza um período em que forjei parte de minhas impressões sobre a vida, as quais contribuem até hoje com hábitos e valores intrínsecos da minha personalidade.
Haverá outras postagens até ir para o seminário, epílogo da minha infância. Daí para frente são outros tempos, vividos com a mesma intensidade e propósitos quem embalaram meus dias de vida campesina. Alegria e amor, jamais me faltaram neles.
 Amenidades do domingo dia do Senhor, que ele seja louvado para sempre louvado seja. Que sejamos merecedores da Paz de Cristo para um viver justo e solidário.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Atividades extraordinárias!

Já consignei nos escritos sobre estes tempos que meus dias eram repletos de pequenas tarefas, isto desde os seis anos, lá na chácara.

Conforme o tempo passou elas se tornaram mais complexas , havendo vários incidentes que jamais resultaram em qualquer dano físico mais grave, felizmente.
Exemplifico com as várias quedas de animais, os cavalgava em pelo, então a qualquer refugo ou falsear da marcha, atravessa seus pescoços, sendo limite o chão.
Tombei carroças duas vezes. Uma ao atravessar uma porteira, me distrai olhando o pai e não percebi o barranco. Na outra, o animal saiu para o lado errado, antes que tivesse o controle da rédea. No carreador corrigi a direção. Ao sair do eucalipto o instiguei a correr, quando olhei para o tio que trabalhava ao lado a roda bateu num toco, sendo que fui com o banco para uma lado e a carroça tombada para o outro. Até hoje não sei se meu pai soube disso. Meu tio João era  muito legal. O velho não falou nada e nem eua ele.
Insiro aqui o encontro do jacaré por mim e o primo Jerônimo, depois de levarmos o almoço aos pais. Contamos para minha mãe que em companhia da sobrinha Luzia o matou a machadadas. A tarde já estava nas panelas. Subsistência da prole!
Reputo como extraordinárias as vezes que fomos na Barrinha buscar alimentos. Somos da mesma idade, eu e o Jerônimo, à época entre 9 e 10 anos. Nos recomendavam alguns produtos alimentícios e lá íamos nós. Certa vez ocorreu um fato pitoresco em que um filho de comerciante da nossa idade quis nos intimidar, segurado o animal pelo bridão - arremecei a giboia no chão e ele soltou na hora.
Giboia um reio comprido, com um parte mais grossa ao meio que busca a ponta da orelha do animal e também do atrevido garoto citadino.
Não há sentido de vanglória e sim mostrar a auto afirmação que nos era passada pelos genitores.   Entendo positiva a capacidade de autodefesa e o desprendimento e segurança do deslocamento por seis quilometros, atravessar a ponte de mão  única sobre o Rio Mogi Guaçu e ainda sem relação escrita comprar o que nos era pedido. Tempos outros,  procedimentos à avaliação do leitor. Domingo dia do Senhor que ele seja louvado para sempre louvado seja. Que sejamos dignos da Paz de Cristo num viver justo e solidário.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Registros memoráveis (reedição)

CONSTATAÇÕES ATUAIS - As eleiçoes vem aí!

Registrei e continuarei registrando os absurdos praticados por políticos que assumem o poder com ar  absolutos de déspotas e através de poderes legislativos fracos e comprometidos com o continuísmo e o alcance de lances mais altos se deixam levar por conchavos em prejuízo da legitima e autêntica democracia. Onde está a razoabilidade do aumento do número de vereadores para 13, se ninguém sentiu a diferença da diminuição de 17 para 11, assim como, o aumento de assessores se o último governo deu um show a parte de como governar uma cidade? É sobre isso que temos que refletir. Cada tostão que sai do cofre é dinheiro que deixa de ser empregado em: saúde, segurança e educação. Dinheiro não dá em árvore ele é resultado do suor do trabalhador. Acorda Brasil!


Democracia: 

Confidências cidadãs I



Luís Mir, médico, pesquisador e historiador que defende a tese de que o país vive numa Guerra Civil, em atualíssima obra, desnuda as entranhas do poder, revelando dados atordoantes e cotejando conceitos, a revelar o cinismo do poder estatal em relação à realidade pátria.
Relevante a afirmação ao falar do equilíbrio de gabinete: “consultas e acordos entre lobbies, associações profissionais, interesses econômicos e, em geral, o entendimento cordial do que se chama a classe política geram um equilíbrio de gabinete, cuja base é desconhecida ou mesmo secreta (Roseneau, 1992); de índole mais ou menos corporativistas, impulsos legiferantes difusos (Conotilho, 1986), que os grupos parlamentares não ousam pôr em causa; ‘O compromisso toma lugar da razão’ (Habermas, 1984) e já ninguém é responsável pelo interesse coletivo, tornando largamente fictício o conceito de representação parlamentar, um dos pilares do princípio da legalidade”. A propósito de todo o entendimento resultante dos conceitos acima, temos a assunção de José Sarney ao poder, primeiro presidente civil após 1964.
Entretanto, pelo simbolismo do dia do palanque das “Diretas Já”, ficou esta como símbolo marco de resistência. Assim vejo oportuno aprofundar a discussão porque ninguém pode dizer tudo o que pensa, até mesmo porque deve pensar sobre o que diz, senão perdem-se a lógica e o fundamento. Porém, uns podem mais, outros menos; é circunstancial.
De minha parte posso dizer que me lembro de Sampaio, nos idos de 1963, um camponês ativo a difundir entre os lavradores conceitos jamais vistos de insurgência no campo. Do alto do caminhão do “pau de arara”, jovens ficavam atônitos com as notícias das indenizações e de proprietários rurais se desfazendo de seus empregados, às pressas, para se livrarem de pendengas tais. Logo mais, já em Brasília (1966), na rampa do Planalto, orgulhosamente prestava honras militares ao Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco; foram muitas vezes. Sua figura, impoluta a passar um sentimento de esperança, reflexo de um passado recente que foi a brilhante atuação das Forças Armadas, em campos de Itália.
Ao mesmo tempo que periódicos e rádios anunciavam a moralização do serviço público pelo ingresso somente por concurso, antinepotismo, a relação daqueles encantados pelos assovios da sereia, mentores do incauto camponês, a aterrorizar a todos, a partir da máxima de que os fins justificam os meios, mesmo que seja pela violência e sacrifícios de vidas, era divulgada com a decretação de seus exílios.
Já em São Paulo, 1970, os efeitos do terror; os Sampaios já não bastavam, sentinelas assassinadas friamente, ordens para não andar fardado, colegas a paisana identificados por documentos e sacrificados, não se sabe se por homens comuns ou politizados terroristas, recaindo sobre estes as suspeitas, por não ser comum à época tal deslinde.
A ronda bancária, no itinerário Bom Retiro, Lapa, Pinheiros, era específica a antiterror; no banco de trás do lado direito (de metralhadora em punho) sempre o mesmo sentinela de Castelo Branco, a campear aqueles que matavam inocentes em assaltos a bancos para angariar fundos para a guerrilha urbana e rural que espalhava medo em toda sociedade brasileira. Na cidade de Registro, nova contenda, esta para valer, frente a frente com Carlos Lamarca. Emboscada, tiros, feridos, reféns e o sacrifício de mais uma vida, tudo em nome de “O Capital”. Os fins justificam os meios, mesmo que violentos.
Diretas Já: a grande mentira – No dia representativo da democracia, o tenente, não mais soldado, desceu as escadas do metrô em sentido contrário ao da massa. Os líderes, rodeados pela sua claque de artistas renomados. Empresas fechadas, Estado parado, o município parado, o metrô de graça e os artistas, expoentes, todos a cantar, e o povo subia as escadas com os olhos esbugalhados de esperança. Falsidade, bastava ler os jornais mais sérios para saber que já estava tudo delineado, agendado mesmo: haveria  eleições  indiretas, e os militares garantiriam a posse do eleito. Mas os fins justificam os meios. Mentir e iludir a massa, até que é meio sem dor física. Pão e circo, já diziam os romanos. Insurgir contra o poder constituído representado pela polícia que se chama militar, tirar foto ao lado de operário sob a mira de cassetete, ser preso, comer a boia do DEOPS, pode me render muitos frutos políticos.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

A conta que não bateu!

Eram muitos e utilizaram do mesmo método para não perder a conta.


Esta foi uma fase da vida de muitas novidades. Ia a escola e depois no trabalho ao lado do pai, exceto a atividade pesada ´- no plantio de arroz, feijão, desbrota,  dar água aos animais; enfim sempre tinha alguma coisa para fazer.
O trabalho era muito e pesado. Havia um tal de quebra-quebra que nunca mais esqueci. Um arbusto em moitas, crescia uns quarenta centímetros, os troncos eram tão duros  que o enxadão batia e voltava. Meu velho adquiriu uma hérnia inguinal, no árduo trabalho  desta empreitada na Barrinha.
As covas de café eram grandes e profundas por isso vez ou outra havia peões contratados para um reforço de mão de obra: o plantio passa por estas etapas - abertura das covas; estercar; corte dos toquinhos; do indaiá para o sombreamento, plantio das mudas e  cobri-las.
Foi na conferência dos toquinhos que aconteceu a confusão. Amontoados a beira do carreador era necessária a contagem deles para fazer o pagamento e a conta não batia. O trabalhador, desconhecido, um senhor negro, contratado eventualmente pela necessidade, não aceitava os números apresentados.
Casualmente passou o administrador, senhor Gildo cujo concurso foi solicitado. Ele então começou a contagem e a cada cinquenta jogava um toquinho do lado – de súbito o contratado esbravejou que era tudo combinado, soltou um sonoro palavrão e foi embora.
Até hoje não recebeu a conta. Homem sem destino, muita pena senti dele. Trabalhou e não conseguiu o acerto por não estar bem da cabeça. Nem meu velho e tampouco o administrador tinha qualquer motivo para  apresentar inexato número dos toquinhos.
Eram muitos e utilizaram do método para não perder a conta, ele não entendeu, ficou nervoso e se foi sem chance do pagamento. Havia risco  em abordá-lo pela agressividade dele. Aprendendo sobre a vida no dia a dia.
O domínio de si mesmo é fundamental em nossa existência. Muitos se perdem pelo desequilíbrio; muitos pela falta de valores que lhes deem um norte, e assim segue a vida. Hoje, vemos os drogados por todo lado, em  situação de penúria, não bastasse o fanatismo religioso dos extremistas e a doutrinação anárquica que campeã os povos.  Há que ter reflexão e valores de referência sobre nossas vidas. Domingo dia do Senhor que ele seja louvado para sempre louvado seja. Que sejamos dignos da Paz de Cristo para um viver justo e solidário.

Noutros carnavais!

Ocorreu que esta coincidência não se repetia 

Apesar das dúvidas, mas obediente à perseverança, no ano seguinte, prestei o exame novamente

Publicado na íntegra em 07/02/15 no jornal  O Regional de Catantuva.

Pelo que dizia meus pais, nasci numa segunda feira de carnaval. Ocorreu que esta coincidência não se repetia nunca e começava duvidar, quando em 1969, ela se deu, 17 de fevereiro – carnaval.
Neste ano sofri um grave revés que foi a reprovação para o curso de soldado da Força Pública do Estado de São Paulo. Após dois anos de intenso estudar, terminado o primeiro ano  cientifico em Brasília, soube que numa férias era possível fazer o exame na polícia paulista e assim fiz. Para minha decepção, não tive sucesso. Então voltei muito contrariado e ficava me perguntando onde foi que errei?
Ao regressar ao trabalho, a coincidência – meu aniversário numa segunda feira de carnaval. Aí fui para a folia.  Encontrei alguém como eu perdida no salão e lá se foram quatro dias, no último levei um cano, mas uma vez no salão lá fiquei, afetividade de carnaval, efêmera. É comum!?
No ritual duas dozes de destilado antes e uma a cada intervalo e dançar, pular, num efeito catarse completo de aliviar o coração. Lá se foram uns quilinhos que recuperei em breve.  Juventude tempos de  muita energia e esperança e alguma pequena extravagância também, porque não ninguém é de ferro.
Apesar das dúvidas, mas obediente à perseverança, no ano seguinte, prestei o exame novamente e aqui estou nesta cidade maravilhosa, como a minha terra natal com um carnaval de muitas tradições.
Em minha opinião as regiões deveriam cultuar suas tradições e dar ênfase a elas e o feriado de carnaval ser regional e variar por municípios, conforme suas tradições. Esta farra que retarda na prática, o início do ano civil em efetividade de ações no Brasil, não acrescenta nada e sim vejo prejudicial ao rítmo dele e  aos usos e costumes, também.
Trabalhei como comandante de unidade operacional  em vários carnavais. A ocorrência de destaque - a morte de um adolescente por excesso do uso de éter e não se tem certeza,  se de outras dogras.
Ele foi apreendido em um ônibus e entregue na delegacia de Ibirá, porém ante a inexistência de dependência própria para menores, foi liberado e lá estava o corpo estendido no chão, por volta de meia noite, quando fazia minha ronda no Campestre Clube, pelo idos de 1981.
Vemos em nossa região, exceto Catanduva e Iibrá que tem tradição, um verdadeiro forçar de barra na organização destes festejos, como ocorre em tantas outras plagas de outros hábitos e costumes, onde  a liberalidade da época não condiz com a cultura local.
Nada contra, onde seja condizente aos hábitos, mas generalizada como é com o destaque que tem, em minha particular opinião, não faz sentido, apesar de ter me valido dela, lá atrás! Contraditória, mas esta é minha conclusão!