Contemplando o irrazoável
No início de cada ano é tempo de
balanço para o comércio. Sobre nossas vidas é momento de reflexão. O contato
com familiares distantes nos leva a uma volta ao passado. A defrontação com a
modernidade de vários setores da cidade de São Paulo nos mostra o potencial do
homem.
Capacidade não só de construir, como o
metrô que vi nascer no Jabaquara nos idos de 1969, mas também de buscar
alternativa para amenizar problemas da população, como a viagem gratuita da
estação Vila Madalena à Barra Funda, a título de integração daquele transporte,
ou ter um familiar bem assistido, próximo de sua casa, em Pirituba, pela rede
hospitalar municipal, inimaginável àquela época.
Se muitos acontecimentos a partir do
homem público nos desalentam, a constatação não é de todo ruim. Sobre a ótica
do otimista, até que está bom.
Rebatendo o plano para Catanduva, de
mais notável que se pode comemorar é a erradicação da favela. A primeira que
entrei na capital paulista como policial, em 1976, foi uma cena consternadora,
jamais esqueci. Dezoito anos depois, ao distribuir alimentos na favela do
Parque Iracema com o grupo do Comitê de Combate à Fome, muita tristeza. Meu
coração se aliviou com o Eldorado.
Haja crítica que houver, mas ali o
homem resgatou a sua dignidade ao ter um endereço e direito ao mínimo de
intimidade familiar, o que na favela inexiste.
Mas nem tudo são flores...
Decorrente da desmedida liberalidade
reinante, nossa urbe, nos idos de 2001, por quase um ano teve o preço do álcool
mais caro do Estado de São Paulo, com variação de até 20 centavos para mais.
Fato comprovado por notas apresentadas
ao vereador Marcílio Dias, relativas aos municípios de Guarujá, Adamantina,
Rifânia, São Paulo, São José do Rio Preto, dentre outros, acompanhados de CPF e
RG, com veemente colocação do nome para o rol de testemunhas de representação
sobre a mais desproposital atitude comercial já deparada, em prejuízo de uma
comuna.
A impressão era de que a frota da
Prefeitura abastecia em cidade vizinha. Onde abastecia? Não me pergunte. A
omissão diante de tal afronta e descalabro deu azo a uma situação inusitada
para uma urbe cercada de usinas.
Por que só agora?
Agora é o momento de reflexão e
mudanças, para nosso desvalido povo.
É, no mínimo, curioso deparar com
anúncio de álcool a R$ 1,12 na capital e abastecer no posto da usina por R$
1,17, sem falar nos preços dos postos da cidade.
Felizmente, agora, lá na capital, vimos
preços até de R$ 1,33, o que ameniza o trauma vivido do preço mais alto do
Estado de 2001, porém a atitude é de alerta. Com certeza elegemos pessoas que
não permitirão que isto aconteça jamais.
Muitos são os argumentos justificativos
sobre a estratégia de distribuição e outros que tais. Para corrigir isto
elegemos deputados federal e estadual. A eles o dever de corrigir as estruturas
erradas, desvendar estes problemas e dar satisfação aos eleitores da região.
Restringida à área das primícias da
terra, dos frutos, do leite e do mel, que jamais tenhamos a repetição de 2001.
Que o ouro verde que cobre o
quadrilátero Ribeirão Preto, Araraquara, Catanduva, Bebedouro e adjacências
também seja despojado pelas populações da região com o privilégio de um preço
menor pela lógica da proximidade.
Que o cidadão catanduvense não
contemple inerte o irrazoável a afrontá-lo. A evolução da comunidade depende de
cada um de nós, vele pelos seus direitos.
Assim
exige a prática democrática.
Catanduva, 09 de janeiro de
2005
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