Na Trincheira do Poeta

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Contemplando o Irrazoável

Você é capaz de imaginar que uma cidade fincada entre várias usinas de álcool possa ter este combustível com o preço mais caro do Estado de São Paulo. Teve por longo tempo, leia o artigo abaixo, um registro para ficar na história do ano de 2001. Temos que velar sempre como sugeriu o poeta! Da evolução do passado se faz o presente. Da negatividade, vícios que se perpetuam...!


Contemplando o irrazoável

         No início de cada ano é tempo de balanço para o comércio. Sobre nossas vidas é momento de reflexão. O contato com familiares distantes nos leva a uma volta ao passado. A defrontação com a modernidade de vários setores da cidade de São Paulo nos mostra o potencial do homem.
         Capacidade não só de construir, como o metrô que vi nascer no Jabaquara nos idos de 1969, mas também de buscar alternativa para amenizar problemas da população, como a viagem gratuita da estação Vila Madalena à Barra Funda, a título de integração daquele transporte, ou ter um familiar bem assistido, próximo de sua casa, em Pirituba, pela rede hospitalar municipal, inimaginável àquela época.
         Se muitos acontecimentos a partir do homem público nos desalentam, a constatação não é de todo ruim. Sobre a ótica do otimista, até que está bom.
         Rebatendo o plano para Catanduva, de mais notável que se pode comemorar é a erradicação da favela. A primeira que entrei na capital paulista como policial, em 1976, foi uma cena consternadora, jamais esqueci. Dezoito anos depois, ao distribuir alimentos na favela do Parque Iracema com o grupo do Comitê de Combate à Fome, muita tristeza. Meu coração se aliviou com o Eldorado.
         Haja crítica que houver, mas ali o homem resgatou a sua dignidade ao ter um endereço e direito ao mínimo de intimidade familiar, o que na favela inexiste.
         Mas nem tudo são flores...

         Decorrente da desmedida liberalidade reinante, nossa urbe, nos idos de 2001, por quase um ano teve o preço do álcool mais caro do Estado de São Paulo, com variação de até 20 centavos para mais.
         Fato comprovado por notas apresentadas ao vereador Marcílio Dias, relativas aos municípios de Guarujá, Adamantina, Rifânia, São Paulo, São José do Rio Preto, dentre outros, acompanhados de CPF e RG, com veemente colocação do nome para o rol de testemunhas de representação sobre a mais desproposital atitude comercial já deparada, em prejuízo de uma comuna.
         A impressão era de que a frota da Prefeitura abastecia em cidade vizinha. Onde abastecia? Não me pergunte. A omissão diante de tal afronta e descalabro deu azo a uma situação inusitada para uma urbe cercada de usinas.
         Por que só agora?
         Agora é o momento de reflexão e mudanças, para nosso desvalido povo.
         É, no mínimo, curioso deparar com anúncio de álcool a R$ 1,12 na capital e abastecer no posto da usina por R$ 1,17, sem falar nos preços dos postos da cidade.
         Felizmente, agora, lá na capital, vimos preços até de R$ 1,33, o que ameniza o trauma vivido do preço mais alto do Estado de 2001, porém a atitude é de alerta. Com certeza elegemos pessoas que não permitirão que isto aconteça jamais.
         Muitos são os argumentos justificativos sobre a estratégia de distribuição e outros que tais. Para corrigir isto elegemos deputados federal e estadual. A eles o dever de corrigir as estruturas erradas, desvendar estes problemas e dar satisfação aos eleitores da região.
         Restringida à área das primícias da terra, dos frutos, do leite e do mel, que jamais tenhamos a repetição de 2001.
         Que o ouro verde que cobre o quadrilátero Ribeirão Preto, Araraquara, Catanduva, Bebedouro e adjacências também seja despojado pelas populações da região com o privilégio de um preço menor pela lógica da proximidade.
         Que o cidadão catanduvense não contemple inerte o irrazoável a afrontá-lo. A evolução da comunidade depende de cada um de nós, vele pelos seus direitos.
         Assim exige a prática democrática.

Catanduva, 09 de janeiro de 2005

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