Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

sábado, 6 de fevereiro de 2016

A conta que não bateu!

Eram muitos e utilizaram do mesmo método para não perder a conta.


Esta foi uma fase da vida de muitas novidades. Ia a escola e depois no trabalho ao lado do pai, exceto a atividade pesada ´- no plantio de arroz, feijão, desbrota,  dar água aos animais; enfim sempre tinha alguma coisa para fazer.
O trabalho era muito e pesado. Havia um tal de quebra-quebra que nunca mais esqueci. Um arbusto em moitas, crescia uns quarenta centímetros, os troncos eram tão duros  que o enxadão batia e voltava. Meu velho adquiriu uma hérnia inguinal, no árduo trabalho  desta empreitada na Barrinha.
As covas de café eram grandes e profundas por isso vez ou outra havia peões contratados para um reforço de mão de obra: o plantio passa por estas etapas - abertura das covas; estercar; corte dos toquinhos; do indaiá para o sombreamento, plantio das mudas e  cobri-las.
Foi na conferência dos toquinhos que aconteceu a confusão. Amontoados a beira do carreador era necessária a contagem deles para fazer o pagamento e a conta não batia. O trabalhador, desconhecido, um senhor negro, contratado eventualmente pela necessidade, não aceitava os números apresentados.
Casualmente passou o administrador, senhor Gildo cujo concurso foi solicitado. Ele então começou a contagem e a cada cinquenta jogava um toquinho do lado – de súbito o contratado esbravejou que era tudo combinado, soltou um sonoro palavrão e foi embora.
Até hoje não recebeu a conta. Homem sem destino, muita pena senti dele. Trabalhou e não conseguiu o acerto por não estar bem da cabeça. Nem meu velho e tampouco o administrador tinha qualquer motivo para  apresentar inexato número dos toquinhos.
Eram muitos e utilizaram do método para não perder a conta, ele não entendeu, ficou nervoso e se foi sem chance do pagamento. Havia risco  em abordá-lo pela agressividade dele. Aprendendo sobre a vida no dia a dia.
O domínio de si mesmo é fundamental em nossa existência. Muitos se perdem pelo desequilíbrio; muitos pela falta de valores que lhes deem um norte, e assim segue a vida. Hoje, vemos os drogados por todo lado, em  situação de penúria, não bastasse o fanatismo religioso dos extremistas e a doutrinação anárquica que campeã os povos.  Há que ter reflexão e valores de referência sobre nossas vidas. Domingo dia do Senhor que ele seja louvado para sempre louvado seja. Que sejamos dignos da Paz de Cristo para um viver justo e solidário.

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