Na Trincheira do Poeta

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sábado, 18 de julho de 2015

Delação: livrem-me das algemas

Faz muito  tempo, vejo que o ciclo da Carta Cidadã expirou.

Certo estão aqueles que a qualquer custo querem se livrar das algemas. Errados estão todos eles  delatores e acusados por se permitirem envolver em tão infames atitudes.

Artigo publicado na íntegra no Jornal O Regional de Catanduva em 20/7/15


A delação premida é uma norma relativamente  recente na legislação brasileira. Foi introduzida com a lei n. 8.072/90 que instituiu o crime hediondo, um gravame de penas pelas características da ação criminosa, contemplando alguns tipos penais e métodos da execução dos delitos, condições das vítimas como crianças, mulheres, incapazes e outras, recentemente policiais.
Sua adoção em vários países,  sendo pioneira a Itália onde o poder dos mafiosos há tempo sempre afrontou o Estado fazendo vitimas em todo estrato social. Foi utilizada primeiramente lá e depois nos Estados Unidos e Alemanha e outros países como o nosso, com relativa eficiência.
No presente caso da Operação Lava-Jato, inimaginável pensar que concomitantemente com os crimes do Mensalão, implementava-se modalidade de articulação entre empresários e agentes administrativos, mancomunados com os políticos para dois objetivos: gozar do privilégio da riqueza e apossar-se de somas vultuosas para implementar as mais diversas artimanhas na consecução do objetivo final da perpetuação no poder. Um toma lá da cá vil  que enoja dia a após dia a sociedade brasileira, não bastasse a má administração por incompetência dos entes políticos, com raras exceções.
Pipoca aqui e ali, o rol dos voluntários à delação premiada que só faz crescer de forma que além das Pedaladas Fiscais “artimanhas no executivo federal para maquiar contas orçamentárias com o fim de satisfazer metas  preestabelecidas”.
Na esteira  e mira dos delatores rola desde a Chefe do Executivo Federal; o Presidente do Senado e da Câmara. A briga de foice é intensa. Em 2013 assisti na orla da Praia de Copacabana, um fora Renan com muitas pessoas e não foi somente lá, ocorreu no Brasil todo protestos contra a sua assunção  àquela posição de liderança no Senado. Também em 2013 a rejeição a classe política se fez notar nas manifestações de junho. Abertas as urnas, convalida-se os mesmos líderes a nos comandar, por mais 4 anos.
Quem na condição de empresário que está no xilindró quer mesmo é se livrar das algemas, enquanto os entes políticos preservados pelas formalidades legais a que fazem jus pelos descabidos privilégios a que tem direito, veem seus nomes citados pelos encarcerados. Que Brasil é este?
Faz muito  tempo, vejo que o ciclo da Carta Cidadã expirou. Somente uma reflexão profunda , com resultado práticos urgentes minimizará a condição de depreciação da classe política brasileira. Há que se revolver valores e estruturas para que o povo – este de quem tanto falou e usou os líderes atuais tenham sua verdadeira redenção. Não é com roubalheira e privilégios descabidos das classes dominantes, oriundos desde o tempo do império, senão das capitanias hereditárias, que se molda uma sociedade justa e solidaria: veja a dinastia dos Sarney no Maranhão quanto tempo durou e tantas outras, principalmente no norte e nordeste.
Certo estão aqueles que a qualquer custo querem se livrar das algemas. Errados estão todos eles  delatores e acusados por se permitirem envolver em tão infames atitudes. Todos querem um novo Brasil, as práticas deste ciclo dos últimos 30, não frutificaram como esperado e  devem ser esquecidas. 

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