Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

domingo, 7 de maio de 2017

Ao vivenciar os primórdios da ROTA

Dessa simbiose se faz o homem, seja comum ou letrado!

Com a minha consciência em paz, registrei neste espaço minha biografia até os 24 anos. ”Feliz de quem vive em bons ambientes, não tenho dúvida disso”.

Bem sei ou não sei, tudo é incerto.  Do  eterno esclarecer da dúvida exsurge a sabedoria, bem possível - uma máxima filosófica. Assim, para dizer sobre o que “faz o homem” infinitas teses são formuladas e em síntese, somam-se às físico-biológicas com as sociológicas. Os estudos da biologia e da química concentram-se na formação a partir da herança hereditária, com ênfase ao DNA. Tese há da importância dos impulsos positivos e negativos da primeira década de vida. A sociologia complementa com as afirmativas da preponderância do meio social em que nasce e cresce. Ao religioso a importância da ligação com o sobrenatural e vínculo com os valores cultuados.
Dessa simbiose se faz o homem, seja comum ou letrado, as suas emoções e caráter são reféns de muitos estímulos ao logo da vida. Cito um só exemplo para a constatação do quanto o ser humano é surpreendente. Da biografia de Paulo Coelho, atualmente o escritor brasileiro  campeão de vendagem de livros e entre os primeiros do mundo, registra duas internações em manicômios na juventude. Superação é a palavra.
Ao militar, considerada a análise preliminar, certamente as unidades em que serve vão acrescentando valores profissionais específicos de suas características de forma a influenciar seu perfil, sendo que as atribuições   específicas lhe proporcionam  oportunidades de participação em missões extraordinárias.
Servir como soldado no Batalhão da Guarda Presidência - um privilégio dos paulistas durante uma década. Servir na primeira turma de soldados da Polícia Militar do Distrito Federal, um aprendizado riquíssimo, tudo se iniciou com a gente em interação com os cariocas.
Ver a Rota nascer, é poder relembrar os conceitos puros e idealistas de novos tempos para a Polícia Militar de São Paulo. Lá estávamos nós do Pelotão de Recruta no dia 09/03/1970, sendo Porta Bandeira o 2º. Ten PM Alberto Mendes Júnior, a quem veríamos um mês depois ser assassinado pelas mão de perversos terroristas.
A formação das equipes, a constituição do Centro de Controle de Viaturas na unidade, a Ronda Bancária com missão  (antiterror) na qual atuei por mais de três meses, cujo itinerário da nossa equipe era a área específica de bancos ´do Bom Retiro, Lapa e Pinheiros. Das 09h às 15h,  muitos quilômetros de Schmaisser em punho e olhar atento, sempre no banco traseiro em posição invertida a do motorista.
Do Comandante não me lembro  o nome, um Sargento de estatura alta,  cor branca, rosto fino. Caso veja sua foto da época, o reconheceria. A estratégia pessoal: proteger-me e revidar, porque morto serei inútil e preocupação para os colegas sobreviventes. Àquela época não existia os manuais de procedimento de hoje.
 Coincidentemente, o primeiro documento “ Plano Para Execução” ROTA – Ronda Ostensiva “Tobias de Aguiar” foi concebido ainda na Força Pública do Estado de São Paulo, sendo a ordem para sua execução de 09 de março de 1970. Fonte  Quartel da Luz “Mansão da Rota” – Cel PM Paulo Adriano L.L. Telhada.
No dia 01 de agosto de 1970, ingressei em 7º. lugar entre 200 e  concluí em 3º. o Curso de Formação de Cabo, no dia 18 de dezembro.  Período que fui atingido por um disparo acidental que não me impediu de em cinco dias depois, prestar e ser aprovado em 11º. de 100, no  Concurso para a Academia do Barro Branco, o qual conclui em 11º. de  também dentre 162 formandos.
Com a minha consciência em paz, registrei neste espaço minha biografia até os 24 anos. Frequentei meu 1º. dia de aula acadêmica, na data do aniversário 17 de fevereiro de 1971.  Face  a esta aprovação não fui promovido por ato de bravura, apesar do Comando da Academia Militar do Barro Branco, aprovar meu pleito e encaminhá-lo às instância superiores.
Agradeço a Deus a vida vivida da qual esta foi a época mais tumultuada. Sempre a incerteza do que seria de mim a cada manhã, foi registrada. Tudo fiz para honrar as famílias - paterna Xavier e materna Joli. Minhas energias e dotes foram exauridos no extremo limite, diariamente.
Agradeço os exemplos dos familiares, professores, religiosos, seminaristas e militares com quem convivi - alentos inspiradores e energizastes. Ao Herói Alberto Mendes Júnior, reverenciei no livro Tributo A Um Herói. A vida um eterno aprendizado.  "Feliz de quem vive em bons ambientes, não tenho dúvida disso".

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