Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

domingo, 31 de janeiro de 2016

A autodefesa!


Defenda-se quando necessário e possível, agredir nunca.

A cultura paterna era a da não provocação  e de reação ao ser provocado, razoável se analisada sob o aspecto prático da vida, pois aquele que não agride dificilmente será agredido.
No plano coletivo, havia já outras formas de defesa, sendo a mais natural a união dos mais próximos, assim os meninos das fazendas formavam pequenos grupos de autoproteção  de provocações e possíveis agressões.
Tinha uma experiência de provocação em Batatais da qual lembro-me que foi perto da casa de minha avó paterna, ao lado da Cooperativa quando irmãos próximos de minha idade fizeram micagem para mim, algo tipo mostrar a língua. Diante da minha passividade, fui instado se não reagiria, ao que voltei e os desafiei, vendo a proximidade de meu pai, sai ileso. Não acredito que se estivesse sozinho seria esta a conduta deles, era uma ninhada de italianinhos, alguns mais novos, mas não daria conta de todos.
Havia também à época a mania dos mais velhos provocar a luta dos mais novos, traduzindo: assistir a um cirquinho particular, enquanto os preparava para a vida adulta. A concluir que nem tudo eram flores. Foi neste ambiente cultural que num recreio, alguém provocava o Bastiãozinho, ao passar por perto fui incluído na pendenga e esse aí também – você é muito pequenininho vou bater nos dois.
Ao término da aula, fui ao mictório, fiz marola, mas não adiantou,  o círculo estava formado logo no início da estrada. O resultado foi a ausência do provocador por uma semana das aulas. Lembro-me bem de sua mãe na companhia dele quando voltou. Bater em dois, faltou lhe juízo ou sobrou valentia.   Não me lembro de ter sido chamado atenção pela professora por isso.
A incidência de algumas passagens ficariam melhores fora do enredo da vida, mas o propósito é também traduzir como nos defendíamos que não tem muita diferença de agora – em grupos. Evidente que em uma ou outra contenda levei uns bons bofetões. Eram bem frequentes as trocas de sopapos, o que não é muito diferente de hoje, também.
Os pais queriam os filhos valentes, então medíamos força, é a lógica da vida. Uma preparação para a autodefesa quando adulto. Era positiva ou negativa a conduta, deixo ao leitor a dedução. Vivi aqueles tempos, tenho minhas convicções e digo que a mim foi bom em várias circunstâncias e ruins em outras, também tenho dúvidas.
Fico com a linha do amor sempre, então não posso defender a agressividade, mas sem ela em alguns momentos nos tornamos reféns dos maus - defenda-se quando necessário e possível, agredir nunca. O meu juízo e ensinamento, hoje!
Domingo dia do Senhor que ele seja louvado para sempre louvado seja. Que a Paz de Cristo nos inspire a um viver justo e solidário.

sábado, 30 de janeiro de 2016

A cidade não deve retroceder!

Equívocos  às políticas adotadas, o Brasil de hoje está nesta situação.

Esporte é saúde, refrão quase centenário. Melhor ainda, custa bem menos do que  tratamento médico. 


A regressão é negativa em qualquer circunstância e não deve, se possível, ocorrer no caso das cidades. A propósito há pensamento afirmativo de que a roda social é como a do moinho d’água - ela para, mas não retrocede.
 No geral sim, entretanto como toda regra tem exceção, constatamos na história da humanidade episódios em que nações enveredaram por caminhos que lhe fizeram muito mal, face aos equívocos de seu líderes quanto às políticas adotadas, o Brasil de hoje está nesta situação.
Em conclusão, podemos ter decisões que prejudicam o caminhar da carruagem. Em Catanduva é possível afirmar que a epidemia da dengue no final de 2014/15 decorreu do desmonte do esquema preventivo existente que se tornou referência nacional tempos atrás, chamando atenção de autoridade federal que aqui esteve, em constatação pessoal.
As informações sobre a dispensa dos agentes correu solta, sem constetação convincente das autoridades, tanto é que em breve tempo, refeito o esquema, a cidade voltou ao normal, ainda bem.
Agora, a celeuma é sobre os parques que foram construídos, chamando atenção especial a área à entrada da cidade, próximo à rodoviária.
Não tenho procuração de ninguém e tampouco interesse de denegrir quem quer que seja, porém entre tantas ações positivas ocorridas em gestões passadas, a implantação das áreas de lazer nos bairros que os tornaram em verdadeiros templos a céu aberto, panteões da Educação Física ao ar livre, não pode retroceder.
O bem estar psicofísico não tem preço, promove a saúde e a felicidade das pessoas. Ele está ao nosso dispor nas pequenas coisas que nos agradam, no dia a dia. Se o leitor visse o ar de contentamnto dos dois anciãos que fotografei, a ulilizar os equipamentos da praça do aeroporto, há uns seis anos. Eles nem mesmo se conheciam, porém coincidiu de estarem bem vestidos cada um em seu aparelho, praticando ginástica em plena manhã, um casal perfeito. Isto vi por toda cidade, em cada canto, próximo da residência das pessoas.
Nesta última quinta feira, fiz meu condicionamento físico na área de lazer do Parque Glória, ali em que pese a precária conservação, constatei: senhoras contando causos, marido e mulher praticando exercícios; duas jovens desenvolvendo uma série deles, crianças no campo e o mais bucólico -  um senhor com seu neto, ainda criança; uma bola, em longa e íntima prosa.
Vez ou outra, frequento a área do Tarraf. Lá, já contei 90 pessoas caminhando simultaneamente no fim de tarde, em conversas descontraídas, coisas de vizinhos e amigos. Não sei porque faltou verba para a inscrição nos últimos jogos regionais.  As últimas notícias não são boas para  Catanduva  neste aspecto.  Esporte é saúde, refrão quase centenário. Melhor ainda, custa bem menos do que  tratamento médico. Pense nisso leitor!?

sábado, 23 de janeiro de 2016

Uma proposta intrigante!


A caminho de casa, meu  tio tentava convencê-lo,  era boa a proposta.


Neste texto uma síntese do perfil de muito descortino e   sagacidade no agir do meu pai, uma referência forte na minha vida. Lá estávamos nós trabalhando na terra de invernada à tarde, nas covas que logo receberiam as mudas de café.
Mais acima, a uns trezentos metros, os irmãos fazendeiros, numa longa prosa com meu tio. O meu velho  impaciente queria saber o que tanto conversavam, até que se dirigiram a ele.
A abordagem pelo mais baixinho e falante também, foi de um convencimento total do meu tio, pois a proposta era excelente para ambos. Ele afirmou - vamos antecipar o recebimento do café da terra de mato e vocês não terão nenhuma  responsabilidade com ele. O velho pensou, pensou e retrucou: vim para sua fazenda esperançoso de voltar com algum dinheiro para começar minha vida. Perdi, neste ano, uma colheita de arroz naquela terra que seria a minha salvação, nesta da invernada não farei boa colheita, se não plantar na de mato, adeus esperança, preciso pensar. Conversa vai, conversa vem, não houve acordo.
A caminho de casa, meu  tio tentava convencê-lo de que era boa a proposta. Havia dívida alta na fazenda e meu pai não se deu por satisfeito. Passado uns dias, como combinado ele disse a minha mãe: vou a Ribeirão Preto, se passar dois dias, liga para meu irmão e veja o que aconteceu. Não volto sem decidir este assunto.
Encontrou o mesmo fazendeiro com quem negociara, agora no açougue e ali mesmo começaram uma conversa de convencimento recíproco, quando foi dito – trato vocês como filhos e lhe foi respondido, trata mesmo –  dos meus cinco filhos é o primeiro que precisei  comprar uma cabrita porque seu administrador cortou o leite. O patrão o abraçou e o levou para o escritório de onde saiu com as dívidas quitadas. Trouxe bola e roupas para nós e uma caderneta de poupança, cuja quantia nunca soube. Ao meu tio, as mesmas condições de perdão das dívidas e mais dinheiro, proporcional a empreitada dele que era maior.
O café da terra de mato estava viçoso, as mudas altas. A plantação do arroz seria altamente prejudicial ao seu desenvolvimento, daí a proposta intrigante. Ela foi aceita em condições justas a ambas as   partes.
Defender  pessoas, defender a si mesmo, um ato de coragem e desprendimento que só eleva o homem. Domingo dia do Senhor, histórias da vida, reflexões a partir de fatos. Que sejamos merecedores da Paz de Cristo, num viver justo e solidário.

Inteligência policial

Redução do furto e roubo de veículos em 34% na região de Catanduva.

Quatro polícias – municipal,  do condado, estadual e federal. Nenhuma leva nada a outra, há coordenação apenas entre elas.

Hoje o assunto é comezinho que  pouco abordo na área especifica de minha atuação profissional. Há dezessete anos inativo, em que pese ler e acompanhar noticiário, deixo aos ativos os negócios da segurança pública. Entretanto não me falta vontade de vez ou outra, como agora de  emitir minha singela opinião.
Notei faz algum tempo, significativa alteração no combate ao crime, especialmente ao tráfico de drogas pela realização de ações de impacto, adrede preparadas com levantamento paciencioso em meses de investigação que proporcionam a prisão tanto da raia miúda quanto  da  graúda. Esta era uma deficiência de nosso tempo, criticada pela população e por nós mesmos.
O noticiário da semana traz resultado alvissareiro da redução do furto e roubo de veículos em 34% na região de Catanduva. Em números de 417 em 2014 para 276 em 2015. Reputam isso, a atuação com Inteligência e é mesmo, pois vejo várias pequenas operações  em pontos diferenciados e viaturas  estacionadas em locais nevrálgicos da cidade com os policiais atentos, material de anotação à mão. Isso é trabalhar. Subir e descer ladeira de viatura pouco ou nada significa, há que ter atenção, concentração e objetivo, previamente definido. Meus elogios.
Num tempo lá traz, em 1992 tive a oportunidade de conhecer a estrutura policial de Los Angeles, em estágio de final de curso para oficial superior. Seguem algumas observações: ciclo de polícia completo, ação criminal direta ao promotor público. Quatro polícias – municipal,  do condado, estadual e federal. Nenhuma leva nada a outra, há coordenação apenas entre elas. As ocorrências são levadas à corte: defensor, acusação, julgador e outros aparatos afins. A duplicidade de ação polícia e justiça no Brasil é um atraso injustificável, único no mundo. Demanda desnecessária de recursos e grave fonte de ineficiência da segurança pública, na área criminal.
Somete um exemplo: o sargento, nosso guia operava em trajes civis, num veículo dissimulado sem nenhuma identificação que permanecia com ele na residência. Saia  de casa com plano de trabalho diário, dispondo de computador com o qual era capaz de identificar delinquente por mínimas características físicas, assim como, os veículos furtados e todo tipo de anormalidade de sua atividade diária. Veja o grau de responsabilidade  e eficiência profissional.
Atualmente, temos as viaturas equipadas com tablets e todos os meios de informática modernos aqui no Brasil, também.  Parabéns às mínimas mudanças que estão acontecendo. Imagino que para meus bisnetos verem  a praça do fórum, a porta do Batalhão Militar e as escolas sem grades, será necessário implementar o que todos querem há mais de 30 anos: ciclo completo de polícia ou polícia única; poder de polícia às guardas; extinção do inquérito policial, aproximação das autoridades judiciárias do povo; extinção de regalias -  voltar o olhar  para a comunidade e não para o próprio umbigo. As mudanças não acontecem, principalmente por este último reflexo coletivo. Salve a inteligência policial chegando até nós. Muda Brasil!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Bate e rebate (reedição)


Reeditado por ser atual. Em 2016 vamos apoiar o Impeachment!


Expressão pessoal de sentimentos através do veio poético com o “Cantinho Seu” 

Daí a pergunta onde mora a felicidade? Você sabe... a é! Então me conta que estou desvairado para encontrá-la.


Os títulos derivam mais da inspiração momentânea e assim vamos pelo blog com a possibilidade de sua inteiração ao nível da expressão pessoal de sentimentos através do veio poético com o “Cantinho Seu” e do mais profundo pensar sobre a responsabilidade social quanto a denúncia, assim como do comentário de trivialidades sem depreciar  o nível que se quer ter com um veículo criado com tanto carinho como este, no qual a modernidade nos permite interagir com  o mundo.
Daí a pergunta onde mora a felicidade? Você sabe... a é! Então me conta que estou desvairado para encontrá-la. De tudo que li, vivi e aprendi,  um resumo de que é muito especial este sentimento, ele certamente não é perene;  está vinculado por demais a cultura, sendo circunscrito; não a uma redoma, mais a um estado de espírito que acalenta a alma e o coração de forma que sentimos uma leveza interior como a de quem admira a planície arborizada e florida.
Para os religiosos bem  possível que nesta imagem se inserisse, anjos e arcanjos a entoarem lindos e suaves cânticos com o reencontro de antepassados queridos. Não teria guerras, famintos e degredados por qualquer condição.
Da longa etapa que me foi reservada, tiro a lição que o exaurimento das energias na busca de um caminho digno para si, família e outros indistintamente que contemple o razoável, conforme a cultura da comunidade em que se vive, sempre na busca de elevar o padrão de convivência -  é uma boa receita.
O esforço ao pleno exercício da cidadania enquanto ente de uma sociedade que necessita de uma organização mínima e o equilíbrio psíquicossomático consigo mesmo,  interagindo positivamente com tantos quantos naturalmente advierem ao seu convívio, uma mínima fórmula para o bem viver e talvez em ínfimas ocasiões a sensação da felicidade em abundância na alma e coração que passa pelos poros e capilares.
Difícil entender tanta  devassidão. A cada final de semana notícias escabrosas de toda parte, poucos líderes que nos abordam e deixam  a  mínima esperança de alteração do “status quo”. Filtrem o  máximo que puderem e mudem porque democracia rima, mas é o antônimo social de dinastia. A perpetuação no poder está mais para o regime monárquico, contrapondo-se ao plural. Este é o bate e rebate social que se nos apresenta. Pensem bem, busque seus valores e aponte conscientemente seu representante. O nosso futuro depende deste nosso ato de consciência cidadã.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A hora dos políticos

 Atos ilícitos das três maiores autoridades da República.

O desalento popular vai além de tudo de negativo que já se viu na história do país.


Como previmos em Triunvirato dos Acusados, Eduardo Cunha está denunciado no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados com graves acusações de contas no exterior que insiste negar. Dilma Rousseff denunciada em processo de Impeachment, cujo prosseguimento acontecerá após o recesso parlamentar, em fevereiro.
No final de novembro passado, o Procurador Geral da República iniciou ação de investigação contra Renan Calheiro pela prática de corrupção passiva com fundamento em indícios carreados aos autos da Operação Lava Jato, configurando-se assim a hipótese do envolvimento em atos ilícitos das três maiores autoridades da República.
Num bis ao Mensalão de dimensão estratosférica, vemos a república de joelho ante a malversadores da riqueza nacional em ações abjetas. Dá asco de ouvir seguidamente o nome de lideranças expressivas - sejam civis da iniciativa privada; e, com mais negatividade ainda, dos políticos que prestam juramento  de conduta ilibada; da prática da honradez e da defesa dos valores maiores da nação no exercício da representação popular que lhes é outorgada pelo mandato, seja legislativo ou executivo.
O desalento popular vai além de tudo de negativo que já se viu na história do país. O Ex-Presidente Lula não sai dos tribunais. Várias pessoas de seu relacionamento privilegiado no exercício do cargo estão presas, como o Presidente Marcelo Odebrecht e o agricultor  José Carlos Bumlai. A riqueza de sua prole é desproposital,  absurda mesmo. Seus descendentes passam por constrangimentos onde vão, pois são achincalhados por populares indignados com a riqueza amealhada, fruto do  privilégio de ser filho do ex-operário defensor da ética e dos pobres. Um dia esperança da nação que se tornou numa repugnante decepção.
 As cartas estão na mesa, comungo a hipótese de que somente um novo Poder Constituinte conseguirá êxito na elaboração das profundas reformas que o país necessita e não são estes parlamentares que aí estão que  vão decidir contra todos os vícios que impregnam a administração do país, dos quais eles se beneficiam.
Há que se passar o Brasil a limpo, revolver valores que embasam vis métodos e privilégios desde muito tempo. As autoridades públicas brasileiras, com raras exceções ainda vivem da empáfia das cortes imperiais, agravada pelo descortino de uma corrupção endêmica, onde familiares de um Ex-Presidente pobres e hoje riquíssimos, pousam de espertos cidadãos, em afronta a tudo que o levou um dia ser a esperança do povo.
O ano começou, que termine diferente destes últimos em que preponderou a incompetência, parceira da desfaçatez delinquente de empresários e políticos em detrimento do sofrido povo brasileiro. 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Um novo mundo!


Daí a emoção bater forte e a memória  de súbito  aflorar.

Desde a ponte estreita para um só veículo sobre o rio Mogi Guaçu, até subir o íngreme morro do Koba e passar pela  colonia e chegar aos confins da invernada, ainda bem que tinha os queridos tios João e Nica e o rol de  7 primos, a nos esperar.  Numa casa simples, com um chatô ao lado, nos instalamos. Piso de terra, camas montadas com estacas  da capoeira, colchão e travesseiro de palha de milho. Uma visão sem fim do gado na pastagem e mais distante, a terra que esperava o café a ser plantado. Daí a emoção bater forte e a memória de súbito e dominador salto aflorar no   meu íntimo, como a do  menino. 

Um novo mundo!

Como vou descrever?
Em poucas palavras.
Simples e diminutos versos,
Emoção, sentida ao ler.

Rimas breves,
Hão  de dizer,
Como  foram alegres,
Estes tempos do meu viver!

Tudo a desbravar,
Um isolamento total,
Reinava o mundo  animal,
À  volta do nosso lar.

Invernada imensa,
Horizonte ao longe,
Convivência animal tensa,
No íntimo, lugar ao monge!

Onde se esconde?
Pensares infinitos...
Nas magrugadas,
Sonhos aflitos!

O mundo desaba,
Onde está sua aba?
Reto é o final,
Abismo total!

Ao  navegante,
Também foi assim.
No descobrimento,
Não faltou motim.

Uma vida a frente!
Pensar esperançoso.
Ir a escola, então...
Aguardava ansioso!

Quanto ao futuro,
Imagina o pensar...
Quem possivelmente,
Conquistará, a amar!

Mais dificil saber,
Dúvida em  intensidade,
Perambula na mente,
Onde estará a felicidade?

Passado todo o tempo,
Bem perto, não longe,
Sinta, ouça seu coração...
No amor, o maior quinhão!

Estes tempos marcaram a minha vida pela sintonia do reino animal, nele inserido o homem - nós que ali o habitávamos. Vivíamos em parte da pesca, caça e dos animais que criávamos. Também nos valíamos dos domésticos para o cultivo da terra, em hábitos bem rudimentares. Naquele ambiente  não havia espaço  a vã filosofia, tampouco, as falsas ilusões midiáticas  existiam, assim como, os espúrios conceitos da elite dominante não nos atingiam.
A pura e linda convivência no meu mundo de criança cabocla, cristalina como o sol que reflete na límpida água da fonte, ainda brota em mim como inspiração do que escrevo, mormente aos domingos. Não será sempre assim, porém os mais de dez anos de vida campesina de minha infância querida, foram.
Que o Senhor seja louvado para sempre louvado seja. Que sejamos  todos merecedores da Paz de Cristo, num viver justo e solidário.

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sábado, 9 de janeiro de 2016

Causo, fatos, causas e consequências!


A certa altura do trajeto, lá estava ela comendo um bezerro.

Ficou a lição de que o estado de tensão psicológica e a fixação do pensamento,  proporcionaram o equívoco.


Na  infância participei intensamente das atividades diárias familiares por ser o filho mais velho. Na Barrinha, por algum tempo busquei leite na sede da fazenda para a irmã recém nascida. Era distante uns três quilômetros, em estrada de terra  precária que atravessava a invernada com muito gado. Ali existia tanto gado leiteiro, quanto de engorda ou mesmo descanso por uns dias para seguir para o frigorífico, em Sertãozinho.
Evidente que as rezes provocavam medo, assim procurava beirar a cerca para a devida proteção caso a ameaça se concretizasse. A época, eram rotineiros os boatos assombrosos sobre fenômenos da natureza, animais bravios e outras situações entre os caboclos, os quais se  espalhavam como pena ao vento.
Assim, circulou que uma onça havia escapado do circo em Jaboticabal. Sai de casa  com este pensamento fixo, por entre as reses bravias e a onça só havia uma cerca a me proteger e lá fui eu, caminhando preocupadíssimo.
A certa altura do trajeto, lá estava ela comendo um bezerro e diante daquela visão aterradora, atravessei a cerca e corri sem olhar para trás,  até chegar na casa da querida Tia Nica. Esbaforido  narrei a visão e com a mesma ênfase o fiz também,  ao pai durante o almoço.
A tarde ele resolveu conferir e na companhia de outros adultos lá fomos nós. Então ocorreu idêntica  visão, quando novamente apontei a todos  a onça  – uma árvore havia sido cortada com um tronco relativamente alto e como fazia uma curva, projetou em mim, com a ajuda do capim  alto, por duas vezes aquela imagem que ia no pensamento, associada a tensão pelas rezes.
Foi um riso só! Ficou a lição de que o estado de tensão psicológica e a fixação do pensamento, proporcionaram o equívoco. 
A  vida profissional me mostrou que reações diversas ocorrem também com os adultos neste estado extremo de tensão  ou mesmo sob efeitos de substâncias tóxicas  e alucinógenas, tornando-as incontroláveis ao ponto do uso de camisa de força no meu tempo e da aplicação de fortes substâncias imobilizantes, nos métodos atuais.
O humano invariavelmente se torna frágil ante fortes emoções, às vezes incontroláveis mesmo, quando perdemos o referencial do equilíbrio psicossomático. Daí a incidência da  horrenda criminalidade, não bastasse isso temos, a alienação e fanatismo em algumas religiões a provocar guerras.  Ao humano o sadio equilíbrio de sua psique! Sem falsas ilusões e tampouco fanatismo.
Somo  esforços na busca de uma vida equilibrada, enaltecendo o amor como referencial maior. Que o senhor seja louvado para sempre louvado seja. Sejamos merecedores da Paz de Cristo, na busca de um viver justo e solidário. Um bom domingo a todos nós!

sábado, 2 de janeiro de 2016

As intempéries e o lavrador de outrora!

Ele surgiu   viçoso inspirando a expectativa de boa colheita.

São vinte dias cruciais em que as nuvens formavam sobre o rio, distante uns dois quilômetros, desciam por ele e nada de chover na lavoura.

No ano de 1956, foi plantado o arrozal  na terra  de mato, por entre a ruas do café com um ano de idade. Ele surgiu   viçoso inspirando a expectativa de boa colheita. Cresceu, dava a minha altura aos  nove anos, um porte ideal para uma colheita farta, falava-se em mais de cem sacas, somente a parte de meu pai.
Ocorreu que a chuva não veio na hora que estava para nascerem os cachos. São vinte dias cruciais em que as nuvens formavam sobre o rio, distante uns dois quilômetros, desciam por ele e nada de chover na lavoura. Foi uma tristeza muito grande porque toda renda da colheita seria dos trabalhadores.
De todo aquele esplendor de arrozal, alguns cachos foram raspados a mão porque  pouquíssimos vingaram, ficou todinho branco queimado pelo sol. O arroz para o gasto anual foi colhido do cultivado na terra de invernada que foi plantado posteriormente quando choveu, porém a área  era bem menor e a produtividade também.
Curioso que por motivo da perda de uma colheita de arroz em terra arrendada no município do Distrito de Elisiário de  Catanduva, no final dos anos 50, a família da minha esposa deixou o interior para fixar residência na cidade de São Paulo.
Com esta idade, começava entender as dificuldades dos pais e sentir com eles os reflexos dos revezes da vida que entre outros motivos, as das intempéries que impingem aos lavradores e seu familiares. A renda da venda do arroz era uma gota de esperança de voltar a Batatais, vencidos os três anos do contrato, com algum dinheiro para reformar a casa, montar um boteco e comprar uma camionete para aumentar a renda. Este era o propósito dos meus pais ao mudar para a Barrinha.
Ao lavrador há  sempre a esperança de um ano bom, mas aquele não  foi e mesmo hoje com toda tecnicologia de irrigação as catastrófes comprovam esta dificuldade de quem depende da natureza, seja pelos incêncios em pastagens, seja pelos vendavais e tufões, precipitação de granizo e ourtras a provocar enormes prejuízos. À superação daquela época um brinde a tenacidade dos nossos pais que não se rendiam aos revezes, mantendo a fibra cabocla de sempre seguir em frente. Com um voto de louvor a eles, rogo ao Senhor que sejamos merecedores da Paz de Cristo e que possamos viver numa sociedade justa e solidária.