Defenda-se quando necessário e possível, agredir nunca.
A cultura paterna era a da não provocação e de reação ao ser provocado, razoável se
analisada sob o aspecto prático da vida, pois aquele que não agride
dificilmente será agredido.
No plano coletivo, havia já outras formas de defesa, sendo a
mais natural a união dos mais próximos, assim os meninos das fazendas formavam pequenos
grupos de autoproteção de provocações e possíveis
agressões.
Tinha uma experiência de provocação em Batatais da qual
lembro-me que foi perto da casa de minha avó paterna, ao lado da Cooperativa
quando irmãos próximos de minha idade fizeram micagem para mim, algo tipo
mostrar a língua. Diante da minha passividade, fui instado se não reagiria, ao
que voltei e os desafiei, vendo a proximidade de meu pai, sai ileso. Não
acredito que se estivesse sozinho seria esta a conduta deles, era uma ninhada
de italianinhos, alguns mais novos, mas não daria conta de todos.
Havia
também à época a mania dos mais velhos provocar a luta dos mais novos, traduzindo:
assistir a um cirquinho particular, enquanto os preparava para a vida adulta. A
concluir que nem tudo eram flores. Foi neste ambiente cultural que num recreio,
alguém provocava o Bastiãozinho, ao passar por perto fui incluído na pendenga e
esse aí também – você é muito pequenininho vou bater nos dois.
Ao
término da aula, fui ao mictório, fiz marola, mas não adiantou, o círculo estava formado logo no início da
estrada. O resultado foi a ausência do provocador por uma semana das aulas. Lembro-me
bem de sua mãe na companhia dele quando voltou. Bater em dois, faltou lhe juízo
ou sobrou valentia. Não me lembro de ter sido chamado atenção pela professora por isso.
A
incidência de algumas passagens ficariam melhores fora do enredo da vida, mas o
propósito é também traduzir como nos defendíamos que não tem muita diferença de
agora – em grupos. Evidente que em uma ou outra contenda levei uns bons bofetões. Eram bem
frequentes as trocas de sopapos, o que
não é muito diferente de hoje, também.
Os pais
queriam os filhos valentes, então medíamos força, é a lógica da vida. Uma
preparação para a autodefesa quando adulto. Era positiva ou negativa a conduta,
deixo ao leitor a dedução. Vivi aqueles tempos, tenho minhas convicções e digo
que a mim foi bom em várias circunstâncias e ruins em outras, também tenho
dúvidas.
Fico
com a linha do amor sempre, então não posso defender a agressividade, mas sem
ela em alguns momentos nos tornamos reféns dos maus - defenda-se quando
necessário e possível, agredir nunca. O meu juízo e ensinamento, hoje!
Domingo
dia do Senhor que ele seja louvado para sempre louvado seja. Que a Paz de
Cristo nos inspire a um viver justo e solidário.