Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

domingo, 31 de janeiro de 2016

A autodefesa!


Defenda-se quando necessário e possível, agredir nunca.

A cultura paterna era a da não provocação  e de reação ao ser provocado, razoável se analisada sob o aspecto prático da vida, pois aquele que não agride dificilmente será agredido.
No plano coletivo, havia já outras formas de defesa, sendo a mais natural a união dos mais próximos, assim os meninos das fazendas formavam pequenos grupos de autoproteção  de provocações e possíveis agressões.
Tinha uma experiência de provocação em Batatais da qual lembro-me que foi perto da casa de minha avó paterna, ao lado da Cooperativa quando irmãos próximos de minha idade fizeram micagem para mim, algo tipo mostrar a língua. Diante da minha passividade, fui instado se não reagiria, ao que voltei e os desafiei, vendo a proximidade de meu pai, sai ileso. Não acredito que se estivesse sozinho seria esta a conduta deles, era uma ninhada de italianinhos, alguns mais novos, mas não daria conta de todos.
Havia também à época a mania dos mais velhos provocar a luta dos mais novos, traduzindo: assistir a um cirquinho particular, enquanto os preparava para a vida adulta. A concluir que nem tudo eram flores. Foi neste ambiente cultural que num recreio, alguém provocava o Bastiãozinho, ao passar por perto fui incluído na pendenga e esse aí também – você é muito pequenininho vou bater nos dois.
Ao término da aula, fui ao mictório, fiz marola, mas não adiantou,  o círculo estava formado logo no início da estrada. O resultado foi a ausência do provocador por uma semana das aulas. Lembro-me bem de sua mãe na companhia dele quando voltou. Bater em dois, faltou lhe juízo ou sobrou valentia.   Não me lembro de ter sido chamado atenção pela professora por isso.
A incidência de algumas passagens ficariam melhores fora do enredo da vida, mas o propósito é também traduzir como nos defendíamos que não tem muita diferença de agora – em grupos. Evidente que em uma ou outra contenda levei uns bons bofetões. Eram bem frequentes as trocas de sopapos, o que não é muito diferente de hoje, também.
Os pais queriam os filhos valentes, então medíamos força, é a lógica da vida. Uma preparação para a autodefesa quando adulto. Era positiva ou negativa a conduta, deixo ao leitor a dedução. Vivi aqueles tempos, tenho minhas convicções e digo que a mim foi bom em várias circunstâncias e ruins em outras, também tenho dúvidas.
Fico com a linha do amor sempre, então não posso defender a agressividade, mas sem ela em alguns momentos nos tornamos reféns dos maus - defenda-se quando necessário e possível, agredir nunca. O meu juízo e ensinamento, hoje!
Domingo dia do Senhor que ele seja louvado para sempre louvado seja. Que a Paz de Cristo nos inspire a um viver justo e solidário.

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