Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

sábado, 16 de janeiro de 2016

Um novo mundo!


Daí a emoção bater forte e a memória  de súbito  aflorar.

Desde a ponte estreita para um só veículo sobre o rio Mogi Guaçu, até subir o íngreme morro do Koba e passar pela  colonia e chegar aos confins da invernada, ainda bem que tinha os queridos tios João e Nica e o rol de  7 primos, a nos esperar.  Numa casa simples, com um chatô ao lado, nos instalamos. Piso de terra, camas montadas com estacas  da capoeira, colchão e travesseiro de palha de milho. Uma visão sem fim do gado na pastagem e mais distante, a terra que esperava o café a ser plantado. Daí a emoção bater forte e a memória de súbito e dominador salto aflorar no   meu íntimo, como a do  menino. 

Um novo mundo!

Como vou descrever?
Em poucas palavras.
Simples e diminutos versos,
Emoção, sentida ao ler.

Rimas breves,
Hão  de dizer,
Como  foram alegres,
Estes tempos do meu viver!

Tudo a desbravar,
Um isolamento total,
Reinava o mundo  animal,
À  volta do nosso lar.

Invernada imensa,
Horizonte ao longe,
Convivência animal tensa,
No íntimo, lugar ao monge!

Onde se esconde?
Pensares infinitos...
Nas magrugadas,
Sonhos aflitos!

O mundo desaba,
Onde está sua aba?
Reto é o final,
Abismo total!

Ao  navegante,
Também foi assim.
No descobrimento,
Não faltou motim.

Uma vida a frente!
Pensar esperançoso.
Ir a escola, então...
Aguardava ansioso!

Quanto ao futuro,
Imagina o pensar...
Quem possivelmente,
Conquistará, a amar!

Mais dificil saber,
Dúvida em  intensidade,
Perambula na mente,
Onde estará a felicidade?

Passado todo o tempo,
Bem perto, não longe,
Sinta, ouça seu coração...
No amor, o maior quinhão!

Estes tempos marcaram a minha vida pela sintonia do reino animal, nele inserido o homem - nós que ali o habitávamos. Vivíamos em parte da pesca, caça e dos animais que criávamos. Também nos valíamos dos domésticos para o cultivo da terra, em hábitos bem rudimentares. Naquele ambiente  não havia espaço  a vã filosofia, tampouco, as falsas ilusões midiáticas  existiam, assim como, os espúrios conceitos da elite dominante não nos atingiam.
A pura e linda convivência no meu mundo de criança cabocla, cristalina como o sol que reflete na límpida água da fonte, ainda brota em mim como inspiração do que escrevo, mormente aos domingos. Não será sempre assim, porém os mais de dez anos de vida campesina de minha infância querida, foram.
Que o Senhor seja louvado para sempre louvado seja. Que sejamos  todos merecedores da Paz de Cristo, num viver justo e solidário.

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