Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

sábado, 2 de janeiro de 2016

As intempéries e o lavrador de outrora!

Ele surgiu   viçoso inspirando a expectativa de boa colheita.

São vinte dias cruciais em que as nuvens formavam sobre o rio, distante uns dois quilômetros, desciam por ele e nada de chover na lavoura.

No ano de 1956, foi plantado o arrozal  na terra  de mato, por entre a ruas do café com um ano de idade. Ele surgiu   viçoso inspirando a expectativa de boa colheita. Cresceu, dava a minha altura aos  nove anos, um porte ideal para uma colheita farta, falava-se em mais de cem sacas, somente a parte de meu pai.
Ocorreu que a chuva não veio na hora que estava para nascerem os cachos. São vinte dias cruciais em que as nuvens formavam sobre o rio, distante uns dois quilômetros, desciam por ele e nada de chover na lavoura. Foi uma tristeza muito grande porque toda renda da colheita seria dos trabalhadores.
De todo aquele esplendor de arrozal, alguns cachos foram raspados a mão porque  pouquíssimos vingaram, ficou todinho branco queimado pelo sol. O arroz para o gasto anual foi colhido do cultivado na terra de invernada que foi plantado posteriormente quando choveu, porém a área  era bem menor e a produtividade também.
Curioso que por motivo da perda de uma colheita de arroz em terra arrendada no município do Distrito de Elisiário de  Catanduva, no final dos anos 50, a família da minha esposa deixou o interior para fixar residência na cidade de São Paulo.
Com esta idade, começava entender as dificuldades dos pais e sentir com eles os reflexos dos revezes da vida que entre outros motivos, as das intempéries que impingem aos lavradores e seu familiares. A renda da venda do arroz era uma gota de esperança de voltar a Batatais, vencidos os três anos do contrato, com algum dinheiro para reformar a casa, montar um boteco e comprar uma camionete para aumentar a renda. Este era o propósito dos meus pais ao mudar para a Barrinha.
Ao lavrador há  sempre a esperança de um ano bom, mas aquele não  foi e mesmo hoje com toda tecnicologia de irrigação as catastrófes comprovam esta dificuldade de quem depende da natureza, seja pelos incêncios em pastagens, seja pelos vendavais e tufões, precipitação de granizo e ourtras a provocar enormes prejuízos. À superação daquela época um brinde a tenacidade dos nossos pais que não se rendiam aos revezes, mantendo a fibra cabocla de sempre seguir em frente. Com um voto de louvor a eles, rogo ao Senhor que sejamos merecedores da Paz de Cristo e que possamos viver numa sociedade justa e solidária.

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