Ele surgiu viçoso inspirando a expectativa de boa colheita.
São vinte dias cruciais em que as nuvens formavam sobre o rio, distante uns dois quilômetros, desciam por ele e nada de chover na lavoura.
No
ano de 1956, foi plantado o arrozal na
terra de mato, por entre a ruas do café com
um ano de idade. Ele surgiu viçoso inspirando
a expectativa de boa colheita. Cresceu, dava a minha altura aos nove anos, um porte ideal para uma colheita farta,
falava-se em mais de cem sacas, somente a parte de meu pai.
Ocorreu
que a chuva não veio na hora que estava para nascerem os cachos. São vinte dias
cruciais em que as nuvens formavam sobre o rio, distante uns dois quilômetros,
desciam por ele e nada de chover na lavoura. Foi uma tristeza muito grande
porque toda renda da colheita seria dos trabalhadores.
De
todo aquele esplendor de arrozal, alguns cachos foram raspados a mão porque pouquíssimos vingaram, ficou todinho branco
queimado pelo sol. O arroz para o gasto anual foi colhido do cultivado na terra
de invernada que foi plantado posteriormente quando choveu, porém a área era bem menor e a produtividade também.
Curioso
que por motivo da perda de uma colheita de arroz em terra arrendada no município
do Distrito de Elisiário de Catanduva,
no final dos anos 50, a família da minha esposa deixou o interior para fixar
residência na cidade de São Paulo.
Com
esta idade, começava entender as dificuldades dos pais e sentir com eles os
reflexos dos revezes da vida que entre outros motivos, as das intempéries que impingem
aos lavradores e seu familiares. A renda da venda do arroz era uma gota de
esperança de voltar a Batatais, vencidos os três anos do contrato, com algum
dinheiro para reformar a casa, montar um boteco e comprar uma camionete para aumentar a renda. Este era o propósito dos meus pais ao mudar para a Barrinha.
Ao
lavrador há sempre a esperança de um ano
bom, mas aquele não foi e mesmo hoje com toda tecnicologia de irrigação as catastrófes comprovam esta dificuldade de quem depende da natureza, seja pelos incêncios em pastagens, seja pelos vendavais e tufões, precipitação de granizo e ourtras a provocar enormes prejuízos. À superação daquela época um brinde a tenacidade dos nossos
pais que não se rendiam aos revezes, mantendo a fibra cabocla de sempre seguir
em frente. Com um voto de louvor a eles, rogo ao Senhor que sejamos merecedores
da Paz de Cristo e que possamos viver numa sociedade justa e solidária.
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