Na Trincheira do Poeta

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sábado, 26 de março de 2016

Fatídico desfecho da infância

 Esquentávamos a comida e íamos a escola, um ano difícil.

No meio do ano de 1957, retornamos a Batatais, meu segundo irmão lembrou-me de que o animal veio no caminhão, não havia tantos utensílios domésticos assim, as camas armadas sobre  forquilhas e paus da capoeira ficaram por lá mesmo com certeza.  Nos instalamos em contato com o pessoal da minha 3 dois cômodos, enquanto o pequeno casebre adquirido do Senhor Osório foi reformado, tornando-se numa humilde residência de dois quartos, sala e cozinha e pequeno alpendre.
O retorno propiciou a reaproximação da família com a querida avó Inocência e  primo Luis de quem a saudade era muita, pois nos quase três  não me lembro de ter retornado a terra natal. Então vez ou outra, dormia na casa da avó e numa destas noites, ela passou mal  e saímos, eu e o primo um para cada lado para chamar os tios. 
A recaída dela resultou no seu  falecimento. A data vi a pouco em documento, 28 de junho daquele ano. Foi um fato que nos entristeceu muito, porque meu pai era  apegado a ela e tinha passado aquele tempo todo longe, agora que podia vê-la frequentemente, ela se foi.
Mas o período estava mesmo para acontecimentos fatídicos, pois em dezembro minha mãe Izabel adoeceu gravemente, permanecendo de cama por quarenta dias, sendo que destes, três foi no hospital, cuja alta não  deu  sob a alegação de suspeita de doença contagiosa, mesmo havendo melhora.
Uma história que nunca ficou bem explicada, pois consta do atestado de óbito pneumonia dupla. Àquela época havia uma incidência grande de doenças contagiosas pela precariedade dos medicamentos, incidindo muito a tuberculose.
Deste fato morte, uma lembrança enigmática de ter conhecimento do sentimento premonitório de minha genitora, pois presenciei ela dizer que a casa seria reformada, porém ela não teria o prazer de ali viver. Passou nela poucos dias sã bem possível que menos do que os 40 em agonia, que culminou no óbito, em 07/01/1957  .
 Desencadeou-se então, uma situação bem caótica para nós e não fosse o amparo recebido pela mais nova dos irmãos, pelos tios João e Nica seus padrinhos, tudo teria sido pior. A outra irmã que tinha idade, foi para o colégio de  religiosas católicas, assim restou os três meninos de 11, 10 e 5 anos. Não foi fácil para nosso pai que era barbeiro aos sábados e domingos e trabalhava na roça os outros dias. Ficávamos só durante o dia, esquentávamos a comida e íamos a escola...um ano difícil.
Assim é a vida que há de ser vivida,  mesmo ante dos infortúnios terrenos. Domingo, dia de reflexão pascal sobre a ressurreição do Filho - devotamos este período de dificuldade aos desígnios de nossas existências conforme o plano superior. Que o Senhor seja louvado para sempre louvado seja. Havemos de confiar sempre na Providência Divina, na busca de um viver justo e solidário. Estejais conosco Paz de Cristo, hoje e sempre.

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