Tudo era ministrado com dedicação e esmero pelo corpo docente.
Abro um parêntese para contrapor a visão paranoica de muitos que ao impingir a pecha de truculentos e arbitrários aos militares, cometem um equívoco danoso a sociedade.
O Curso de Formação de Oficiais,
durava à época três anos. Ele abrangia
noções de direito ministradas por excelentes professores que exerciam cargos de
juízes, desembargadores, oficiais com vasta experiência e devotados ao mister
de ensinar. Com extensa carga horária, especialmente de direito. Enumero o rol
de matérias para que o leitor possa avaliar a formação daquela época e ver o
quanto o curso oferecia ao futuro oficial, pois desde os aspectos militares aos
sociológicos, tudo era ministrado com
dedicação e esmero pelo corpo docente, a jovens ávidos por uma plena formação.
Segue o rol de matérias que tenho
compilado da mesma forma que no Curso Preparatório – Introdução a Ciência do
Direito; Direito Penal; Direito Constitucional; Direito Penal Militar, Direito
Civil; Estudo dos Problemas Brasileiros; Comunicação Social; Teoria Geral do
Estado; Sociologia; Psicologia Aplicada; Relações Públicas; Noções Preliminares
de Educação; Liderança e Chefia; Criminalística; Preparação Policial
Básica; Economia Política; Organização e
Emprego da Corporação; Comunicações; Controle de Distúrbios Civis; Administração
Financeira e Orçamentária ; Administração de Pessoal; Equitação, Armamento e
Tiro, Controle de Distúrbios Civis, Educação Física. Estas 25 disciplinas distribuídas em três anos,
sendo que pela redução do curso, ele foi
concluído em 26 de julho de 1975, portanto com dois anos e meio. A carga
horária e mais os serviços diários preenchiam o tempos dos cadetes de forma
integral das 06:00 às 18:00 horas....
A interação do corpo docente era
tal que ao final das aulas, vários mestres reservavam de cinco a dez minutos
para observações de cunho orientador, ora da vida como um todo, ora sobre
experiências extraordinárias profissionais de forma que mesmo nos meus 26/27/28
anos, destes cinco, como soldado em três corporações distintas, assimilei uma
diversidade de ensinamentos importantíssimos.
Chegado o dia da formatura muita
alegria pelo objetivo conquistado de ser Oficial da Polícia Militar de São
Paulo. Nos dias seguintes todos foram para os batalhões de policiamento urbano.
Fui classificado no 4º. BPM/M, Rua Spartaco 366, Lapa, com mais oito
Aspirantes. Depois de um mês deixamos de ser coroinhas para assumir sozinhos a
sagrada função de comandante de fração de tropa, equipes por turnos com várias
viaturas. Registro que no primeiro mês,
numa sexta-feira apoei uma ocorrência,
ao socorrer um dos marginais que em troca de tiro em área limítrofe a minha, fora atingido e soube que foi a óbito. Na próxima sexta participei de um parto. A
parturiente procurou a 3ª. Companhia na Vila Mangalot. Por opção minha, nos
encaminhamos ao Pronto Socorro da Lapa, sendo que o bebê, uma menina nasceu no
meu colo com a ajuda do Cabo “Morcego”, experiente, não teve dúvida, massageou
o abdômen da gestate. O umbigo foi amarrado com o cadarço de sua bota, bem
longe do corpo, conforme ensinamento em aula sobre parto. Certo ou errado foi
assim ensinado, meios de fortuna, disse o mestre! Fomos elogiados por quem nos
recebeu.
Consto no final neste escrito
biográfico como testemunho um cadinho da vida diária do policial militar. A cada dia um fato
novo. A cada serviço uma oração e a confiança de que tudo daria certo por mais
excepcional que fosse a ocorrência. Foram trinta e dois anos e seis meses de desafios constantes.
Abro um parêntese para contrapor
a visão paranoica de muitos que ao impingir a pecha de truculentos e
arbitrários aos militares, cometem um equívoco danoso a sociedade. Comandei
fração de tropa por quinze anos, aqui o meu testemunho de que sob minha
responsabilidade não houve uma só morte, seja: de civil ou policial militar, nem
mesmo o suicídio os atingiu. Concluo sem receio de errar que no curso a ênfase máxima
foi ação sob o manto da legalidade, do humanismo,
do compromisso social, inclusive sob o educativo preventivo, nas mais diversas
áreas de atuação da Polícia Militar. Doar energias no limite da exaustão ao bem
estar do próximo uma missão gratificante para isso e com este estigma fomos
formados. Agradeço a Deus pela oportunidade de servir às comunidades por onde
passei: Brasília, São Paulo, São José do Rio Preto, José Bonifácio, Catanduva e
mais de trinta municípios menores vinculados aos Pelotões e Grupamentos
Destacados. Foi recompensador o exercício da atividade protetora das
comunidades. Jamais me furtei a sair de casa, a qualquer hora da noite para
assistir comandado em ocorrência grave. Assim encerro esta parte de minha biografia,
cujo êxito de vida, deu-se numa sucessão de fatos extraordinários que às vezes
nem eu mesmo acreditava. Vários companheiros da turma, tem histórias
semelhantes, onde a superação foi a tônica de cada uma de nossas vidas.
Às vezes, reunidos concluímos que
na vida muitas coisas acontecem para quem acredita! No que? De minha parte, em tudo que inspire o amor,
pois ele resume todas as virtudes .
Esforçando-se na prática delas, não haverá espaço para o fracasso! Trinta e
dois anos anos com muita esperança, muita fé, muita energia. Sempre agradecido à Deus o dia vivido,
pedindo graças que o próximo fosse melhor em todos os sentidos!
Domingo dia do Senhor que ele
seja louvado para sempre louvado seja. Um bom dia e boa semana a todos!
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