Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

domingo, 20 de agosto de 2017

Tempos acadêmicos - Curso de Formação!

Tudo  era ministrado com dedicação e esmero pelo corpo docente. 

Abro um parêntese para contrapor a visão paranoica de muitos que ao impingir a pecha de truculentos e arbitrários aos militares, cometem um equívoco danoso a sociedade.

O Curso de Formação de Oficiais, durava  à época três anos. Ele abrangia noções de direito ministradas por excelentes professores que exerciam cargos de juízes, desembargadores, oficiais com vasta experiência e devotados ao mister de ensinar. Com extensa carga horária, especialmente de direito. Enumero o rol de matérias para que o leitor possa avaliar a formação daquela época e ver o quanto o curso oferecia ao futuro oficial, pois desde os aspectos militares aos sociológicos, tudo  era ministrado com dedicação e esmero pelo corpo docente, a jovens ávidos por uma plena formação.
Segue o rol de matérias que tenho compilado da mesma forma que no Curso Preparatório – Introdução a Ciência do Direito; Direito Penal; Direito Constitucional; Direito Penal Militar, Direito Civil; Estudo dos Problemas Brasileiros; Comunicação Social; Teoria Geral do Estado; Sociologia; Psicologia Aplicada; Relações Públicas; Noções Preliminares de Educação; Liderança e Chefia; Criminalística; Preparação Policial Básica;  Economia Política; Organização e Emprego da Corporação; Comunicações; Controle de Distúrbios Civis; Administração Financeira e Orçamentária ; Administração de Pessoal; Equitação, Armamento e Tiro, Controle de Distúrbios Civis, Educação Física. Estas 25 disciplinas distribuídas em três anos, sendo  que pela redução do curso, ele foi concluído em 26 de julho de 1975, portanto com dois anos e meio. A carga horária e mais os serviços diários preenchiam o tempos dos cadetes de forma integral das 06:00 às 18:00 horas....
A interação do corpo docente era tal que ao final das aulas, vários mestres reservavam de cinco a dez minutos para observações de cunho orientador, ora da vida como um todo, ora sobre experiências extraordinárias profissionais de forma que mesmo nos meus 26/27/28 anos, destes cinco, como soldado em três corporações distintas, assimilei uma diversidade de ensinamentos importantíssimos.
Chegado o dia da formatura muita alegria pelo objetivo conquistado de ser Oficial da Polícia Militar de São Paulo. Nos dias seguintes todos foram para os batalhões de policiamento urbano. Fui classificado no 4º. BPM/M, Rua Spartaco 366, Lapa, com mais oito Aspirantes. Depois de um mês deixamos de ser coroinhas para assumir sozinhos a sagrada função de comandante de fração de tropa, equipes por turnos com várias viaturas. Registro que  no primeiro mês, numa sexta-feira apoei uma  ocorrência, ao socorrer um dos marginais que em troca de tiro em área limítrofe a minha,  fora atingido e soube que foi a óbito. Na  próxima sexta participei de um parto. A parturiente procurou a 3ª. Companhia na Vila Mangalot. Por opção minha, nos encaminhamos ao Pronto Socorro da Lapa, sendo que o bebê, uma menina nasceu no meu colo com a ajuda do Cabo “Morcego”, experiente, não teve dúvida, massageou o abdômen da gestate. O umbigo foi amarrado com o cadarço de sua bota, bem longe do corpo, conforme ensinamento em aula sobre parto. Certo ou errado foi assim ensinado, meios de fortuna, disse o mestre! Fomos elogiados por quem nos recebeu.
Consto no final neste escrito biográfico  como testemunho  um cadinho da  vida diária do policial militar. A cada dia um fato novo. A cada serviço uma oração e a confiança de que tudo daria certo por mais excepcional que fosse a ocorrência. Foram trinta e dois anos e seis meses  de desafios constantes.
Abro um parêntese para contrapor a visão paranoica de muitos que ao impingir a pecha de truculentos e arbitrários aos militares, cometem um equívoco danoso a sociedade. Comandei fração de tropa por quinze anos, aqui o meu testemunho de que sob minha responsabilidade não houve uma só morte, seja: de civil ou policial militar, nem mesmo o suicídio os atingiu. Concluo sem receio de errar que no curso a ênfase máxima foi ação sob o manto da  legalidade, do humanismo, do compromisso social, inclusive sob o educativo preventivo, nas mais diversas áreas de atuação da Polícia Militar. Doar energias no limite da exaustão ao bem estar do próximo uma missão gratificante para isso e com este estigma fomos formados. Agradeço a Deus pela oportunidade de servir às comunidades por onde passei: Brasília, São Paulo, São José do Rio Preto, José Bonifácio, Catanduva e mais de trinta municípios menores vinculados aos Pelotões e Grupamentos Destacados. Foi recompensador o exercício da atividade protetora das comunidades. Jamais me furtei a sair de casa, a qualquer hora da noite para assistir comandado em ocorrência grave. Assim encerro esta parte de minha biografia, cujo êxito de vida, deu-se numa sucessão de fatos extraordinários que às vezes nem eu mesmo acreditava. Vários companheiros da turma, tem histórias semelhantes, onde a superação foi a tônica de cada uma de nossas vidas.
Às vezes, reunidos concluímos que na vida muitas coisas acontecem para quem acredita! No que?  De minha parte, em tudo que inspire o amor, pois ele resume todas as  virtudes . Esforçando-se na prática delas, não haverá espaço para o fracasso! Trinta e dois anos anos com muita esperança, muita fé, muita energia.  Sempre agradecido à Deus o dia vivido, pedindo graças que o próximo fosse melhor em todos os sentidos!

Domingo dia do Senhor que ele seja louvado para sempre louvado seja. Um bom dia e boa semana a todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário