Trabalhador ininterrupto até os 19 anos não tive tempo para pensar em carnaval!
Trinta homens disponíveis que conhecia e confiava, 18 só em Ibirá, 3 viaturas, identificação prévia de CNH, RG, Documento do Veículo de quem acampou, anotado. Foram 5 dias sem uma só ocorrência.
O que se vive bem ou mal vivido, foi. Trabalhador ininterrupto até os 19 anos
não tive tempo para pensar em carnaval. Tinha mesmo é que subsistir. Acontece
que meu velho sempre dizia: você nasceu num segunda-feira de carnaval e nada da
coincidência. Até que em dezembro de 1968 prestei concurso para a Força Pública/SP. Animado
e fardado, uniforme azul a moda da polícia
americana, cheio de pose e confiante, na
entrevista tirei a arma da cinta que me importunava, pedi licença e a coloquei
sobre a mesa do examinador, o Capitão
Psicólogo Adolfo Segura de Castro que depois chegou a Comandante Geral. Tinha
concluído o 1º. Científico, o exame era primário, estava certo que seria
aprovado. Não sei se por excesso de
confiança, mas bomba.
Foi uma das maiores frustrações
momentâneas de minha vida, entretanto a cultura pessoal era acreditar no
melhor; nada de ruim me aconteceria se fincasse o pé no que é de positivo e corresse
atrás. Isto sempre foi uma conduta inabalável em meu viver. De volta a Brasília descobri que o meu
aniversário pela 1ª. vez coincidia com a segunda-feira do carnaval. E lá se
foram 5 dias de ponta a ponta no Clube dos 300 em Taguatinga. Andava sozinho,
um gole antes e uns cinco durante o baile. Joguei a tristeza no lixo, entre o
samba e o trabalho uns 4kg deixei no salão. Estudava, trabalhava dignamente, o
futuro fui levando. Cada um é cada um e
nossos trunfos foram compartilhados. Quem crê: luta, espera e vence. Viver
assim foi uma excelente receita, sempre me reconfortei na adversidade e ainda
tirei forças para auxiliar muito a família.
Dia 13 de julho de 1969, o homem
chega a lua e lá estou no caminhão do Elzo Tardivo rumo a São Paulo. Desta vez fui
aprovado. Participei de um churrasquinho na véspera, deve ter descontraído. Ia
completar o 2º. Ano do cientifico. São Paulo jamais, caso não passasse estava
decidido. Durante os anos acadêmicos, até brinquei carnaval uma ou outra noite,
porém jamais me empolguei com a folia.
De 1980 a 1982, comandei uma companhia
com 17 pequenos municípios e dentre eles: Ibirá, Potirendaba e José Bonifácio
tinham um movimento maior, os demais somente no salão. Trabalhava todos os
dias, porém mais para o apoio moral da tropa. Num destes anos a Polícia Militar apreendeu um menor por excesivo uso de éter no ônibus. Ele não foi devidamente contido na delegacia. Deparei com ele morto no Campestre lá pela meia noite. Excessos que sempre haverão, infelizmente.
Eis que em 1988, residindo em
Catanduva fui com um amigo no Baile do Havaí do Campestre Clube, um pré-carnaval. Por volta de
uma hora tive que me retirar tal era a bebedeira e o ânimo beligerante dos
convivas. Na semana liguei para o Presidente Chico e perguntei do resultado.
Ele afirmou: quase derrubaram o clube Comandante.
Neste ano, S.J.Rio Preto
resolvera que a Banda de Música reforçaria o carnaval de Catanduva, mas havia
dúvida da necessidade. Entrei no vácuo do questionamento e expus as
fragilidades de algumas cidade da região sob o meu comando e reivindiquei o
reforço. Trinta homens disponíveis que conhecia, assim reuni com o efetivo local, 18 em Ibirá, 3
viaturas, identificação prévia de CNH, RG, Documento do Veículo de quem acampou, anotado.
Foram 5 dias sem uma só ocorrência. O Chico contratou mulher para a revista
feminina, a Diretoria do Nosso Clube fez o mesmo. Ibirá ocorrência zero.
Trabalhar nas cidades pequenas e
de porte médio, uma delícia. O resultado da ação da Polícia era palpável. O Radiopatrulhamento
Padrão encantou a todos, sendo a eficiência muito bem aceita. De 7 a 11
Viaturas nas ruas dependendo o turno e dia. Tempos bons e velhos carnavais que não
mudam em nada, somente renovam as identidades sob a lona do circo. Coisa para o litoral e cidade turística, no mais uma
futilidade só. Alienação pura.
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