13 de novembro de 2015
Morada Cabocla
O casarão foi dividido ao meio porque era muito grande
Nestes tempos se via dinheiro apenas na venda do café. As famílias tiravam o sustento da diversidade do que plantavam e criavam:
O casarão foi dividido ao meio
porque era muito grande para as cincos pessoas da família, pais e três filhos
crianças. Na frente, o que chamamos de porta da sala um terreiro de café, aos
fundos uma cisterna, um galinheiro, algumas frutas, laranjeira, goiabeira onde
as galinha se apinhavam, ao anoitecer.
Um fato pitoresco foi o barulho
que o gambá fez na cozinha, certo dia. Meu velho, depois de passar o susto e
ver o animal abatido com o lançamento de um ferro meio às escuras, contava e
ria que aquele casarão dava a impressão de acolher entidades chamadas, popularmente
de "sombração".
Caminho da roça!
As tarefas diárias seguiam,
Em ordem natural se sucediam.
A escola abortada ficou para traz,
Ao menino de sete anos que mal
faz?
Escola longe, temor que persiste,
Mesmo naquela época, malvadez
existe.
Desde de cuidar das galinhas, distribuir
alimento,
A levar o almoço para o pai, lá vai o rebento.
Catar ovos e legumes pelo quintal
e redondeza,
Jamais nesta época passou pelo menino,
tristeza.
Dos estudos não iniciados restou comentários,
Aspectos sobre a necessidade deles, eram vários.
Esforço quanto ao labor diário inexistia,
Cultura paterna sábia em
conceitos consistia.
Serviços leves inerentes à rotina dos pais,
Apoio em pequenas tarefas, como água ao animais.
Vida formidável, lembranças
diversas me faz bem,
A principal de que, em tão tenra
idade, já me sentia alguém.
Lindo trajeto percorria, entre a
cultura e a mata,
Anjicais cujo perfume se esvai ao
longe, sensação intacta.
A flor de São João, ali na cerca
limite, seu nectar a sugar,
Viver aqueles anos, a interagir com a natureza do lugar.
Difícil rever, meninos caboclos auxiliem com suas memórias,
Que não se perca na estrada do
tempo, tão lindas histórias.
Durante o ano, nestes tempos se via dinheiro apenas na venda do café. As
famílias tiravam o sustento da diversidade do que plantavam e criavam: por entre o café quando
permitido; nos carreadores como frutas e legumes e em pequenas hortas nos quintais. Uma boa colheita de café representava razoável economia no regime de meeiro. Fica
aqui registros esmiuçados das tradições de outrora, abordagem do ano de
1954.
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