Estudam meninos, têm que fazer carreira.
Lembro-me dele sempre: alto, forte que em postura de irmão mais velho, perguntou-me, não vai estudar recruta?
Os componentes da Polícia Militar do Distrito Federal, recém constituída eram oriundos do Rio de Janeiro. As praças, graduados e soldados tinham muitas chances de progressão na carreira, entretanto algumas se viam tolhidas por não dispor do estudo compatível ao exigido no concurso.
Lembro-me dele sempre: alto, forte que em postura de irmão mais velho, perguntou-me, não vai estudar recruta?
Os componentes da Polícia Militar do Distrito Federal, recém constituída eram oriundos do Rio de Janeiro. As praças, graduados e soldados tinham muitas chances de progressão na carreira, entretanto algumas se viam tolhidas por não dispor do estudo compatível ao exigido no concurso.
Elas nos incentivavam a estudar e veementemente diziam - estudam meninos, têm que fazer carreira. O ambiente externo era também estimulador, uma
vez que dispondo de poucas opções de lazer,
enquanto na escola, principalmente o período noturno era propício ao encontro
de pessoas de todas as idades que interagiam, através do propósito de progredir
na vida.
Acontece que ficamos a espera dos concursados locais e por isso não
recebemos pagamento durante três meses. Nós alimentávamos e dormíamos no
quartel, então não nos preocupávamos. Certa
manhã cavava, juntamente com o Cabo Geraldo um terreno para uma capela. Lembro-me dele sempre: alto, forte que em postura de irmão mais velho, perguntou-me, não vai estudar
recruta?
Disse-lhe, a vontade é muita, já
fui ver a vaga, mas não estamos
recebendo. Ele incontinenti quis saber o valor. Uma vez informado,
disponibilizou a quantia sem contrapartida que não fosse o pagamento quando
recebesse. Fiquei contente, sendo que no
outro dia estava estudando, na Escola Madureza Metropolitana de Taguatinga.
Ocorreu fato que mostra muito bem o ânimo entre os brasilienses de estudar. Ao meu lado
sentava uma senhorinha de seus cinquenta anos, sempre bem vestida, atenta e
discreta. Curioso perguntei qual a motivação dela de estar ali, ao que me respondeu:
estou querendo melhorar meu português para falar melhor com os meus netos.
Diante de uma resposta como esta, o meu ânimo evidente redobrava.
Conclui, todas as matérias em um
ano, com alguma dificuldade. Todos os exames, realizados na Escola Elefante
Branco no Plano Piloto - o último foi de
Português, por precisar de uma nota alta no oral, fiquei por último para saber dos colegas
alguma informação das questões e fazer o máximo de memorização. Não fui tão bem como necessitava.
Acompanhei o examinador, no longo
corredor daquela escola, sendo que ao final lhe disse que estudaria o Científico em regime seriado para sedimentar conhecimentos, indagando, se tinha faltado pouco para a aprovação. Tinha ido mal no escrito. Ele me
perguntou se era verdade. Ao confirmar, desejou-me boa sorte, num gesto
fraternal de que havia compreendido e concordava com a minha decisão, por isso me aprovou. Assim fiz, por um ano e meio, até
me transferir para São Paulo. Me dediquei aos estudos no Colégio de Taquatinga Norte, jamais esqueci este
gesto de estímulo, razoável naquele momento por serem verdadeiras minas
intenções.
Passagens de minha vida distante da família dedicada a um futuro melhor. Agradeço a Deus por tudo. Que o Senhor seja louvado, para sempre louvado seja!
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