Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

sábado, 16 de abril de 2016

Tempos de seminário I


 Nesta postagem vou direto aos ritos internos, usos e costumes, que foram uma referência por toda minha vida.
Ao chegar no seminário havia  um ritual de batismo pelo corpo discente que era a escolha do apelido, fosse almoço ou jantar, dependendo da hora da chegada do seminarista. Não sei se pelo brim caqui ou minhas feições mesmo, mas em minutos, surgiu um chamamento de Gambá que todo mundo riu e o apelido estava sacramentado. Eramos de uma classe de aula com os codinomes: Socó, FNM, Periquito, Espeto, Ferrerinha, Sorriso, Biguidão, Três Corações, Lampião, na foto ainda o Irmão Grugoskwi.  
Jamais lembraria destes meus colegas na foto da 1ª. Série do seminário se não fosse pelos apelidos, isto sem tê-la a mão, como agora ao escrever estas linhas.
Havia piscina, salão de jogos, campo de futebol, algumas poucas excursões e passeios externos mais simples, não ficávamos parados. Estudava, rezava e brincava. Tinha também os ritos de missas e orações regulares, com aulas o dia todo, as  atividades iam das 6 às 21 horas.
Aprendi ali, vários jogos de mesa como o xadrez e a dama, do baralho, o truco já sabia - aprendi a escopa, o 21, o 31, o pôquer, o buraco e o pife-pafe. Passávamos o tempo entre o futebol, o volibol, o pingue pongue, a piscina e estes jogos de mesa e muito estudo. Depois do almoço nos dias de semana era proibido dormir, tinha que estar em alguma atividade.
Nas férias de meio de ano, uma cena que jamais me esqueci ao ver meu pai num cômodo solitário da casa, com um fogãozinho simples no qual meu irmão tinha se queimado. Ali naquele canto com um olhar penoso derramei algumas lágrimas. Tinha em meu ambiente coletivo, amigos, roupa de cama e arrumadeira, comida em três regulares refeições. O lado afetivo e emotivo, jamais se apartou de mim.
O ritual diário, os ensinamentos e exigências de como se postar à mesa, além de outros modos da etiqueta social foram moldando aquele menino de costumes campesinos.
Tinha urinese e era sonâmbulo em grau leve. Me desfiz de ambos reflexos com o aconselhamento de um religioso que me ensinou usar a força da mente, disse- me ele: faça sua oração bem concentrado e após pense forte e repita em silêncio para você mesmo - não vou urinar na cama. Faça isso até dormir e foi tiro e queda, principalmente quanto a urinar.
Depois destes ensinamentos que deram certo, habituei-me a mentalizar a lição estudada nas vésperas de prova, um costume que me acompanhou por toda vida de estudante e ao relembrar a matéria antes de dormir, era sinônimo de boas provas. O tempo de seminário é um referencial muito forte em minha vida, no próximo domingo entrarei em pormenores deste significado. 
Hoje referencio a situação política do país que amanhã vota o destino de nossa Presidenta. Muito já escrevi sobre minhas convicções. Neste espaço dominical desejo sabedoria aos nossos parlamentares e amparo celestial a todos nós. Seja a decisão vencedora aquela que melhor atenda aos anseios da população. Que o Senhor seja louvado para sempre louvado seja e que tenhamos um viver justo e solidário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário