Contratado assim fiz: eram cinco caixas de legumes no assoalho da carroça e sobre elas, alface, couve, melancia, abacaxi, abóbora, ela saia abarrotada.
Leitor na postagem do dia 22 último há introdução a este escrito, onde afirmo que do ginásio, após dias de apreensão fui direto para o serviço de servente de pedreiro. Meu genitor que evitava nos dar tarefas de grande esforço, agora cedeu às necessidades e como o padrasto de minha madrasta era “mestre de obras” fui parar no colégio de padres de Brodowski, em construção.
Leitor na postagem do dia 22 último há introdução a este escrito, onde afirmo que do ginásio, após dias de apreensão fui direto para o serviço de servente de pedreiro. Meu genitor que evitava nos dar tarefas de grande esforço, agora cedeu às necessidades e como o padrasto de minha madrasta era “mestre de obras” fui parar no colégio de padres de Brodowski, em construção.
Imagino que por uns três meses fiz massa de reboco, carreguei latas , além
das sacas de cal e cimento de cinquenta quilos.
Ante as dificuldades, propus ao meu pai que poderia trabalhar
com o “Mercadinho” um senhor muito animado que viveu, até pouco tempo. Ele
fazia uma algazarra em volta do carrinho, imitava o Silvio Santos, à época com seu Baú
da Felicidade em pleno vapor. Disse ao Velho que seria capaz de esvaziar o
carrinho todo o dia, no vácuo da freguesia já conquistada pelo dono do negócio.
Dispondo de animal e carroça, fui autorizado, pois aos seis
anos o acompanhava numa feirinha e ficava de conversa com as freguesas. Abordei
o “Mercadinho” com a argumentação de que se
ele criasse um itinerário longo, em vilas boas esvaziaria o carrinho.
Contratado assim fiz: eram cinco caixas de legumes no assoalho da carroça e sobre
elas - alface, couve, melancia, abacaxi, abóbora, ela saia abarrotada.
E lá íamos nós pela Vila Maria, Riachuelo, Bairro da Cadeia,
do Castelo, da Estação Ferroviária e Instituto de Menores, uns sete quilômetros
e carroça vazia todos os dias. O dinheiro contadinho sem qualquer resmungo.
Minha parte ia para o genitor, queria mais era ajudar a família.
Narro neste momento três episódios que jamais esqueci: certo
dia ao passar próximo da cadeia ouvi atrás, a uns vinte metros – abaixô!,
abaixô! Abaixô!. Voltei observando, só vi um papagaio. Fiquei com isso muitos
anos entre a dúvida e a certeza, até que um dia alguém íntimo me explicou que
esta ave é assim mesmo. Ouve, repete e repetirá sempre, especialmente vocábulos
fácies e de sonorização na forma cantada. O refrão repetido exaustivamente era: "traga abacia dona Maria - abaixô! Abaixô! Abaixô! Temos...todas as mercadorias eram anunciadas, repetidamente.
As outras duas seguem: ao chegar ao Instituto de Menores que
tinha diversos funcionários públicos, cortava a melancia maior. A meninada assediava as mães e sempre a comercializava. Neste mesmo Instituto, fui observado de que meus dentes caninos
estavam ruins e que tomate era muito bom...pensei e na féria do dia - como explico
ao prestar conta e em casa quanto vai faltar?
Que o Senhor seja louvado para sempre louvado seja. Domingo
uma pausa e nela refletir quais são e onde estão os valores que nos fazem felizes.
Um viver justo e solidário na Paz de Cristo a mim peço e lhe desejo! Sejamos
felizes. Viva a vida!
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