Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

domingo, 12 de junho de 2016

Travessia sonâmbula!

A exaustiva jornada de 24 horas sem dormir, fez meu sonambulismo atacar novamente – atravessei a Avenida da Estação...


Imagine leitor, os Caminhos das Índias, como as travessias de minha vida. Esta foi uma etapa de desafios diários quanto a prover a subsistência da família; ao ver meu genitor nesta peleja árdua me engajei e com meus irmãos menores não tínhamos parada, o que surgia de atividade para ganhar uns trocados, topávamos e ficávamos a mercê dos serviços propostos, diariamente. Estaria eu a algumas milhas a navegar, num trecho de ondas bravias dificil de achar o rumo a seguir.
Assim, participamos da empreitada de formar horta nas terras do Senhor Lalia, onde plantamos um pouco de tudo. Colhidas as batatas fui em Ribeirão Preto vendê-las com o pai. Elas estavam um pouco manchadas, pois a terra de brejo não era nada  apropriada, preço baixo e se foram.
Nestes tempos caçamos preá, nunca havíamos comido o bichinho, mas como tinha bastante, fizemos deles parte da nossa alimentação.
Nas imediações daquelas terras comprei um pomar de jabuticaba, 16 pés renderam 64 caixas. Colhíamos 4 caixas de manhã e a tarde as vendíamos e lá se foram todas. Um bom negócio - boas lembranças da irmandade unida.
Em seguida veio a padaria. Era das 22h às 6h da manhã. A Equipe de padeiros: Lair, genro do proprietário e Luís, auxiliares Leão e eu.  Rogério, filho do proprietário, era o padeiro de rua. Uma curiosidade: seu cavalo fazia o percurso todo, sem que ele pusesse as mãos nas rédeas, apenas comando de voz!
No turno, havia o risco de prender a mão no cilindro, mesmo assim nas frias madrugadas, o  cochilo era inevitável.
Num sábado fui acompanhar a turma que arrancava café na fazenda Macaúbas. Tive que contar os pés de toda semana, sendo o terreno acidentado. Ao chegar em casa havia vários fregueses para cortar o cabelo, então fiz o pagamento da turma, tomei banho, jantei e fui para a padaria. Como estava adiantado no horário sentei na soleira da porta... então senti alguém tocar meu ombro e perguntar...”onde vai Zé, parece que está dormindo”? Disfarcei ao dizer que não estava me sentindo bem e que ia para casa. Era o Laércio nosso amigo, dei a volta no quarteirão e quando cheguei no trabalho já passava uns 20 minutos das 22h. A exaustiva jornada de 24 hora sem dormir, fez meu sonambulismo atacar novamente – atravessei a Avenida da Estação, com largo canteiro central e retornei extensos dois quarteirões, mais de 400 metros dormindo e não sei onde iria acordar, tal era o sono. Brincava depois com o amigo...se você não me acorda, onde iria parar? Não sei, livrou-me de perigo iminente!

Domingo, dia de reflexão! Uma introspecção aos crentes na busca da  elevação espiritual. Que o Senhor seja louvado para sempre louvado seja! Sejamos merecedores das promessas de Cristo, através de uma vida justa, solidária e abençoada!

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