A exaustiva jornada de 24 horas sem dormir, fez meu sonambulismo atacar novamente – atravessei a Avenida da Estação...
Imagine
leitor, os Caminhos das Índias, como as travessias de minha vida. Esta foi uma etapa
de desafios diários quanto a prover a subsistência da família; ao ver meu
genitor nesta peleja árdua me engajei e com meus irmãos menores não tínhamos
parada, o que surgia de atividade para ganhar uns trocados, topávamos e
ficávamos a mercê dos serviços propostos, diariamente. Estaria eu a algumas milhas a navegar, num trecho de ondas bravias dificil de achar o rumo a seguir.
Assim,
participamos da empreitada de formar horta nas terras do Senhor Lalia, onde
plantamos um pouco de tudo. Colhidas as batatas fui em Ribeirão Preto vendê-las
com o pai. Elas estavam um pouco manchadas, pois a terra de brejo não era nada apropriada, preço baixo e se foram.
Nestes
tempos caçamos preá, nunca havíamos comido o bichinho, mas como tinha bastante,
fizemos deles parte da nossa alimentação.
Nas
imediações daquelas terras comprei um pomar de jabuticaba, 16 pés renderam 64 caixas. Colhíamos 4 caixas de manhã e a tarde as vendíamos e lá se foram todas.
Um bom negócio - boas lembranças da irmandade unida.
Em
seguida veio a padaria. Era das 22h às 6h da manhã. A Equipe de padeiros: Lair,
genro do proprietário e Luís, auxiliares Leão e eu. Rogério, filho do proprietário, era o padeiro
de rua. Uma curiosidade: seu cavalo fazia o percurso todo, sem que ele pusesse
as mãos nas rédeas, apenas comando de voz!
No
turno, havia o risco de prender a mão no cilindro, mesmo assim nas frias
madrugadas, o cochilo era inevitável.
Num
sábado fui acompanhar a turma que arrancava café na fazenda Macaúbas. Tive que
contar os pés de toda semana, sendo o terreno acidentado. Ao chegar em casa
havia vários fregueses para cortar o cabelo, então fiz o pagamento da turma,
tomei banho, jantei e fui para a padaria. Como estava adiantado no horário
sentei na soleira da porta... então senti alguém tocar meu ombro e perguntar...”onde
vai Zé, parece que está dormindo”? Disfarcei ao dizer que não estava me
sentindo bem e que ia para casa. Era o Laércio nosso amigo, dei a volta no
quarteirão e quando cheguei no trabalho já passava uns 20 minutos das 22h. A
exaustiva jornada de 24 hora sem dormir, fez meu sonambulismo atacar novamente
– atravessei a Avenida da Estação, com largo canteiro central e retornei extensos
dois quarteirões, mais de 400 metros dormindo e não sei onde iria acordar, tal
era o sono. Brincava depois com o amigo...se você não me acorda, onde iria
parar? Não sei, livrou-me de perigo iminente!
Domingo,
dia de reflexão! Uma introspecção aos crentes na busca da elevação espiritual. Que o Senhor seja
louvado para sempre louvado seja! Sejamos merecedores das promessas de Cristo,
através de uma vida justa, solidária e abençoada!
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