Temos
ojeriza da ordenação de forma que o pragmático importuna.
Numa
análise da concepção de vida há conjuntos de valores que decorrem também de tese
filosófica, consubstanciada pela ética que os envolve de forma a dar um norte
razoável e coerente ao indivíduo-cidadão.
Artigo publicado pelo autor nesta data, no Jornal Diário da Região - Catanduva
Artigo publicado pelo autor nesta data, no Jornal Diário da Região - Catanduva
Entre as
características do brasileiro está a do improviso, que consiste numa virtude
pela demonstração da versatilidade ante aos obstáculos diários. Constituído de
povos europeus e indígenas inicialmente, pouco a pouco se foi diversificando as
nacionalidades que aqui aportaram em busca de acomodação, face às crises
mundiais.
Então os pioneiros
portugueses foram seguidos por holandeses, espanhóis, italianos, alemães,
japoneses, árabes e os africanos, estes, antes, na condição de escravos. A imensidão
territorial do nosso país, os rios, as terras férteis representam aos
imigrantes fartura e liberdade. A largueza, a miscigenação, o acolhimento ao
estrangeiro, a ginga e espontaneidade do negro, o repente no nordeste e assim
vai. Certo mesmo que temos ojeriza da ordenação de forma que o pragmático
importuna.
Porém o rito tem o
seu lugar no ordenamento das coisas, o protocolo, palavra tão utilizada ultimamente,
não pode ser esquecido. Em seu livro quase infantil pelo título, Saint-Exupery,
o oficial aviador francês correspondente de guerra, ressalta no diálogo entre o
Príncipe e a Raposa quando aquele questiona sobre a que serve ele (o rito); ela
não titubeou ao responder – “Se os homens não fossem aos cultos, a que hora eu teria
as galinhas”.
Ao conviver em sala
de aula e na cidade com pessoas que viveram bom tempo no Japão e amigos na
Alemanha, quando se fala na predisposição ao planejamento e cumprimento de
ordens e preceitos sociais entre eles, constata-se que são muito diferente de
nós...
Aos povos é inerente
uma identidade própria, entretanto a sociedade desenvolvida requer cada vez
mais a sistematização dos procedimentos a envolver os indivíduos, razão pela
qual ou nos adaptamos às exigências atuais ou ficaremos cada vez mais para trás,
desacreditados mesmo, amorfos.
Numa análise da
concepção de vida há conjuntos de valores que decorrem também de tese filosófica,
consubstanciada pela ética que os envolve de forma a dar um norte razoável e
coerente ao indivíduo-cidadão; também as mais diversas religiões com seus
preceitos a religar a criatura ao criador e o amparo comunitário que ameniza as
agruras do viver, fazem a diferença.
Quando resistimos à
prática dos costumes, na conformidade mediana das normas do grupo, nos
prejudicamos por não adotar uma conduta, minimamente pragmática, seja por
tradição, filosófica ou religiosa, mas aceita. Há povos que dificilmente sabemos
o que querem? Este parece ser o caso do Brasil. Onde estará a nossa identidade?
Em última mão chega a
notícia que as despesas nas campanhas políticas ultrapassam a vultuosa quantia
de R$ 860 milhões, somente com a imprensa nacional. Até onde vamos abusar da
nossa riqueza, em distribuição via gastos supérfluos e corrupção que
constatamos, diariamente.
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