Na Trincheira do Poeta

Na Trincheira do Poeta

domingo, 21 de dezembro de 2014

VISITA ESPECIAL

O Cantinho seu:   era uma visita especial para mim.

Contempla hoje João Bernardo e Sebastina (Nica), tios queridos cujas atitudes solidárias mudaram  uma via!

Se você tem algo especial a retribuir a alguém. Escreva em verso ou texto resumido, sempre inédito  que será publicado aos domingos.        

Um feliz Natal na paz do Senhor a todos!

A vida dá voltas, uma incógnita permanente e foi assim que os conceitos e hábitos de família conduziram o meu crescimento.  Em fevereiro de 1959 fui ter no seminário da Congregação Nossa Senhora do Sião em São Sebastião do Paraiso, Minas Gerais.
Fora convidado pelo grupo da igreja que minha mãe frequentava,  às vezes estava por perto. Inexistiu insistência e foi abortado o propósito sem muita discussão familiar, minha mãe favorável, meu pai nem tanto e minha vó paterna sonhava com um familiar religioso. Fiquei  empolgado porque gostava muito de estudar, bem possível, o primeiro dilema entre tantos.
Neste mesmo período,  registro que  me vi puxando a calça de meu pai, ao insistir que me matriculasse, pois mudamos no meio do ano para a cidade, estava no 2º. do primário, atrasado em relação às crianças de minha idade.
Com a morte de minha mãe em 7 de janeiro de 1958, foi  confirmado o convite para o ano seguinte. Ao me apresentar, o Reitor Padre Chaves, disse que só aceitavam quem tivesse  o quarto ano completo. Depois de muita insistência, deu-me a chance de uma experiência por 3 meses, o primeiro desafio mais sério, se não  acompanhasse, haveria de voltar.
Aos 14 de idade, e dois meses depois de sair do seminário, deixei  o ginásio, não sem antes andar pensativo a sua volta no que seria de minha vida. Sai por absoluta falta de condição social. Razões adversas momentâneas,  3 anos depois, fizeram que encontrasse minha Tia Nica a alguns metros distante de casa, porque  ela veio ao meu encontro emocionada e mais uma vez o choro de uma lágrima só. Na despedida do seminário tanto eu como meu velho já havíamos, experimentado esta reação.
Foi com o apoio dos bondosos tios João Bernardo e Nica que minha vida tomou o rumo que esperava. Tratei dos meus dentes, seis extrações, dezessete obturações -  mais uns meses e  perderia todos. Ainda trabalhei numa fábrica de óleo de mamona, Macoil na fazenda Macaúbas de onde fui para o Batalhão da Guarda Presidencial em Brasília.
Desde então, todo ano entre os meses de dezembro e  janeiro, visitei meus tios em Ribeirão Preto. Era uma visita especial para mim. Nesta sexta-feira (19) visitei meus primos, os tios se foram a algum tempo. Resta um sentimento de gratidão do qual jamais me apartei. Visitei também um primo de meu pai com 95 e cinco anos, plenamente lúcido. A solidariedade da família foi fundamental para mim e irmãos, quando da  orfandade.
Ela resultou   numa profunda introspeção da qual não me aparto: nada substitui igualmente o afeto familiar, enquanto a gratidão dentre as virtudes resumidas pelo amor é a mais fácil de se praticar. Quanto a família, infelizmente há  tantos tipos de relacionamentos nos dias de hoje que ela se desfigurou. Conseguiram, os anarquistas parece estão vencendo, aonde vai dar? O  futuro dirá...

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