O Cantinho seu: era uma visita especial para mim.
Contempla hoje João Bernardo e Sebastina (Nica), tios queridos cujas atitudes solidárias mudaram uma via!
Se você tem algo especial a retribuir a alguém. Escreva em verso ou texto resumido, sempre inédito que será publicado aos domingos.
Um feliz Natal na paz do Senhor a todos!
A vida dá voltas, uma incógnita
permanente e foi assim que os conceitos e hábitos de família conduziram o meu
crescimento. Em fevereiro de 1959 fui
ter no seminário da Congregação Nossa Senhora do Sião em São Sebastião do
Paraiso, Minas Gerais.
Fora convidado pelo grupo da
igreja que minha mãe frequentava, às
vezes estava por perto. Inexistiu insistência e foi abortado o propósito sem
muita discussão familiar, minha mãe favorável, meu pai nem tanto e minha vó
paterna sonhava com um familiar religioso. Fiquei empolgado porque gostava muito de estudar, bem possível,
o primeiro dilema entre tantos.
Neste mesmo período, registro que me vi puxando a calça de meu pai, ao insistir que
me matriculasse, pois mudamos no meio do ano para a cidade, estava no 2º. do primário,
atrasado em relação às crianças de minha idade.
Com a morte de minha mãe em 7 de
janeiro de 1958, foi confirmado o convite
para o ano seguinte. Ao me apresentar, o Reitor Padre Chaves, disse que só
aceitavam quem tivesse o quarto ano
completo. Depois de muita insistência, deu-me a chance de uma experiência por 3
meses, o primeiro desafio mais sério, se não
acompanhasse, haveria de voltar.
Aos 14 de idade, e dois meses
depois de sair do seminário, deixei o
ginásio, não sem antes andar pensativo a sua volta no que seria de minha vida.
Sai por absoluta falta de condição social. Razões adversas momentâneas, 3 anos depois, fizeram
que encontrasse minha Tia Nica a alguns metros distante de casa, porque ela veio ao meu encontro emocionada e mais uma
vez o choro de uma lágrima só. Na despedida do seminário tanto eu como meu
velho já havíamos, experimentado esta reação.
Foi com o apoio dos bondosos tios
João Bernardo e Nica que minha vida tomou o rumo que esperava. Tratei dos meus
dentes, seis extrações, dezessete obturações - mais uns meses e perderia todos. Ainda trabalhei numa fábrica
de óleo de mamona, Macoil na fazenda Macaúbas de onde fui para o Batalhão da
Guarda Presidencial em Brasília.
Desde então, todo ano entre os
meses de dezembro e janeiro, visitei
meus tios em Ribeirão Preto. Era uma visita especial para mim. Nesta sexta-feira (19) visitei meus primos, os
tios se foram a algum tempo. Resta um sentimento de gratidão do qual jamais me
apartei. Visitei também um primo de meu pai com 95 e cinco anos, plenamente
lúcido. A solidariedade da família foi fundamental para mim e irmãos, quando da orfandade.
Ela resultou numa profunda introspeção da qual não me
aparto: nada substitui igualmente o afeto familiar, enquanto a
gratidão dentre as virtudes resumidas pelo amor é a mais fácil de se praticar.
Quanto a família, infelizmente há tantos
tipos de relacionamentos nos dias de hoje que ela se desfigurou. Conseguiram,
os anarquistas parece estão vencendo, aonde vai dar? O futuro dirá...
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