Na Trincheira do Poeta

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quarta-feira, 30 de julho de 2014

ALHEIO A VIDA

Notícias dão conta de que os acidentes de moto matam 5 vezes mais do que os  de carros.


Não tenho dúvida de que no Brasil, haveremos de revolver  conceitos e posturas brevemente  para recobrar um modo de viver mais consciente, coletivo e consigo mesmo.


Nasci em 1947, uma loteria: qual o sexo, cor, tamanho, com saúde ou não, chorão, dorminhoco. Além da incerteza geral, também tinha as preferências,  entre chorão  ao dorminhoco, o  arteiro ao songamonga e ia por aí afora a discussão. Aos 4,  menos ou mais, varia  de indivíduo para indivíduo, a identificação na lembrança da ambiência vivida: os pais, os irmãos, a casa, o quintal e os animais. Prosa ou calado, mais claro ou mais escuro, alto ou baixo, segue a vida.
Ela não era tão longa, alguns furavam o bloqueio e como Matusalém  iam longe, outros padeciam de doenças e ficavam pelo caminho. As guerras sempre abreviaram muitas vidas. A média no Brasil se  aproximava dos 50 anos. Está nas pesquisas que em 60 anos,  ganhamos 30, sendo  hoje  de 74.
Notícias dão conta de que os acidentes de moto matam 5 vezes mais do que os  de carro e a proporção sobe em relação às sequelas,  são aleijados de todo quanto é jeito. No Brasil o número de motos saltou de 4 para 20 milhões em cinco anos. A situação mais grave é  no nordeste, onde as autoridades tem dificuldade de impor condutas de prevenção, como o simples uso do capacete.
Ontem, assisti reportagem mostrando a imprudência no trânsito e vários acidentes de consequência, sempre grave. O aumento do número de veículos, a impunidade  - ora  a irreverência , ora o desleixo, ora a condição das vias leva mais   de 50.000 brasileiros e deixa outros 450.000 feridos, a um custo elevadíssimo.
Deixando o custo de lado, vemos mesmo um fator de infelicidade generalizada, pois tanto as drogas como os acidentados inválidos afetam a família toda. Mesmo quem não está por perto vê a desilusão de  entes queridos, ante a incapacidade de reverter   situações gravíssimas. Vidas findas e vidas inválidas. A modernidade há que chegar de forma homogênea, a contemplar o indivíduo como um todo.
Não tenho dúvida de que no Brasil, haveremos de revolver  conceitos e posturas brevemente  para recobrar um modo de viver mais consciente, coletivo e consigo mesmo. Hoje todo interesse individual momentâneo, está acima do coletivo e mesmo do racional. Então é uma loucura só. Há modos de viver diferente, muito diferente, melhor e mais feliz.  A propósito, a Alemanha tenta ter zero morte por ano. Como? Não sei, li. Perguntemos  a eles. Vou pesquisar melhor e depois lhes digo. A vida é esplendorosa, merece nossa atenção. 

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