Na Trincheira do Poeta

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quinta-feira, 31 de julho de 2014

OPERAÇÃO UNIÃO

Com  a impunidade reinante no Brasil o crime compensa.

Sábia a decisão para uma  época em que a comunicação era difícil e a disponibilidade de dados e informações também. Fica assim registrado que a Operação União de hoje, foi também, um anseio de 39 anos atrás.

Artigo de minha autoria publicado no jornal Diário da Região de hoje.

Início este texto comemorando minha formatura na  APMBB – Academia de Polícia Militar do Barro Branco,  em 26 de julho de 1975. O júbilo do êxito acadêmico foi coroado pelo  noivado com a Ivanir, numa reunião de nossas famílias em almoço de  integração por residirem distantes, regado a muita emoção. Reverencio a todos  os formandos, especialmente àqueles que dentre os 160, residem e atuaram na nossa  região:  Bélem e Rui Barbosa em Catanduva; Antonio, Alfonso, Emiliano e Mazza em SJRio Preto  e Dolipe em Fernandópolis.
Após formado, com mais  8 Aspirantes nos apresentamos no 4BPM/M, na Lapa. Responsável  por vasta área, desde o Pacaembu até Perus, onde atuamos na Ronda Oficial e Tático Comando. No primeiro mês sozinho, o batismo de fogo foi um parto cuja criança, uma menina, nasceu em meus  braços e na sexta-feira seguinte, uma perseguição, capotamento e tiros. Assim era o trabalho em São Paulo.
Em nome da união e eficiência, ambas polícias PM e PC mantinham uma equipe à noite com um Major ou Tenente Coronel e um Delegado de 1ª. Classe ou Especial para intervir em toda ocorrência onde houvesse divergência entre o Delegado de Plantão e o Oficial PM. Esta guarnição, com sua experiência harmonizava o trabalho entre as equipes. Sábia a decisão para uma  época em que a comunicação era difícil e a disponibilidade de dados e informações também. Fica assim registrado que a Operação União de hoje, foi também, um anseio de 39 anos atrás.
Estava em Batatais no dia 12 último e ao chegar li com surpresa sobre a Megaoperação “Liga de Delos”. Vibrei ao ver a fotografia da tropa e viaturas na Teodoro Rosa Filho. O  resultado: 13 pessoas presas; 87 autos de infração; 10 carros apreendidos; 14 motos apreendidas e porções de crack e cocaína também, em varredura pelas áreas de maior incidência criminal.
Fiquei  mais entusiasmado ainda com a Operação União que conseguiu reunir 60 Policiais Civis e Policiais Militares de Catanduva, no dia 24 e o resultado foi mais prisões, apreensões de droga e dinheiro do tráfico.
Estou convencido de que há de acontecer uma urgente alteração na estrutura estatal quanto a segurança pública no combate aos marginais e  judiciária, na dinâmica da atuação processual penal. A sensibilidade das autoridades atuais de se unirem para uma ação mais efetiva é louvável. Sabemos também do empenho do judiciário,  porém depois do pleito eleitoral é hora de repensar as estruturas, competências e “modus operandi”, pois a agressividade e quantidade de pessoas que vivem do crime, apesar da baixa taxa de desemprego, é descomunal. Uma só conclusão: com  a impunidade reinante no Brasil o crime compensa.
Por enquanto que deem continuidade nas operações -  parabéns pela iniciativa. Houve leis que mostraram boa vontade do governante estadual com os segmentos da segurança pública neste último quadriênio. Falaremos delas na próxima semana.
José Carlos Xavier


Coronel PM, Advogado e Professor de Catanduva

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