SOCIEDADE ANÁRQUICA, CONSEGUIRAM.
"Em meia hora estava tudo fechado, esvaziado mesmo, as pessoas correndo sem rumo, carros buzinando em fila interminável, querendo deixar aquele inferno".
Acompanhei de perto, a implantação da Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que instituiu o Estatuto da
Criança e do Adolescente, uma vez que minha esposa, fez parte do
primeiro Conselho Tutelar de Catanduva.
Seu
efeito foi rápido, seguindo a Constituição do “ao direito tudo, ao dever nada” no aspecto do controle de condutas delituosas.
Em 1992, ao retornar do curso para promoção a major em São Paulo,
durante seis meses, fui concitado a reassumir o comando da Companhia de Catanduva.
Então
no primeiro dia de meu retorno, início do mês de novembro, participei de uma reunião na
Delegacia Seccional de Polícia, onde se encontravam reunidos, vários Delegados, o Promotor de Justiça da vara da Infância e da Juventude. Havia umas 40 pessoas
no ambiente: entre pais, menores e autoridades.
Os
populares reclamavam de agressões aos filhos e pessoais; dirigente
de clube de invasão e ainda de desordem na rua Amazonas de fronte ao restaurante Chickenin, tudo isto, efeito da ação de gangues que haviam se instalado na cidade.
Com
a proposta de ação conjunta, deixei a reunião e de pronto tomei as providências
atinentes a Polícia Militar, havia uma viatura C-14 de reserva na unidade. Constitui
uma guarnição especialmente para esta missão.
Ocupamos
a rua antes dos populares com ordem de
prisão por desobediência a quem insistisse ficar no leito carroçável. A viatura
ali permanecia até o fechamento do local.
As outras guarnições, tínhamos de seis a nove viaturas operando nos
finais de semana, foram instrudas a intervir em toda aglomeração de jovens que incidisse em formação de gangue.
Em
ação complementar agimos no entorno do restaurante Casa Blanca, outro local de reclamação. Lá fechava mais
tarde, a mesma guarnição fazia por ali um rescaldo tático.
Ao
final do mês, ao verificar o relatório de apreensão dos menores, havia várias reincidências no período e até mesmo no
dia, apesar da reunião com graves registros por pais e adolescentes ameaçados.
Relatei
as atividades ao Promotor de Justiça, identificando as reincidências. Ele havia
recebido um reforço de dois Investigadores da Polícia Civil, determinou a
apreensão dos líderes, uns cinco seguiram com destino a FEBEM. No mês seguinte
a mesma coisa, o resultado é que no carnaval não havia nem lembrança das
gangues. Presos os líderes, dissipou-se a ação delituosa.
No Planalto...
Infelizmente no último sábado
fui ao Shopping Taguatinga, às 16h30. Grande, gigantesco mesmo, repleto de
pessoas passeando; na praça de alimentação tinha fila de espera, porém algo
indicava tensão.
Nas
proximidades das escadas, adolescentes em pequenos grupos, instante seguinte, quando
estava interior da Livraria Leitura, onde autografei o livro " Tributo A Um Herói" a amigos e também deixei alguns em consignação, o baixar de portas: “as gangues brigaram”.
Os atendentes, diziam: eles tentaram várias
vezes, mas os seguranças impediram, desta vez vieram em muitos.
Uma cena horrível.
Em meia hora estava
tudo fechado, esvaziado mesmo, as pessoas correndo sem rumo, carros buzinando
em fila interminável, querendo deixar aquele inferno. Policiais sendo driblados
como na brincadeira de pique; outros com
menores seguros pelos colarinhos.
Encerro
esta inserção por aqui. Concluam os leitores como quiserem.
Estado
anárquico. Uma vergonha. Triste meu retorno ao Planalto Central, naquele momento.
Amanhã
falaremos do domingo!
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